Uma equipe internacional de cientistas da Alemanha, Austrália, EUA, França e Suíça pode ter resolvido o mistério de como a Terra se formou, informou na sexta-feira (8) o portal Phys.org.
"A teoria dominante em astrofísica e cosmoquímica é que a Terra se formou a partir de asteroides condríticos. São blocos relativamente pequenos e simples de rochas e metais que se formaram cedo no Sistema Solar", explica Paolo Sossi, professor de plantologia experimental na Universidade ETH Zurique, Suíça, e autor principal do estudo publicado na revista Nature Astronomy.
Contudo, "o problema com esta teoria é que nenhuma mistura destes condritos pode explicar a composição exata da Terra, que é muito mais pobre do que teríamos esperado em elementos leves e voláteis, como hidrogênio e hélio", diz Sossi, cuja equipe analisou de perto a composição isotópica da Terra.
A teoria proposta é que os planetas do Sistema Solar se formaram ao longo do tempo, com blocos menores acumulando material através de sua atração gravitacional até se tornarem planetesimais, pequenos corpos de gás e poeira acumulados, contrário do que acreditam alguns cientistas. No entanto, segundo alguns cientistas, as colisões dos materiais que mais tarde formaram nosso planeta resultaram em enormes quantidades de calor e vaporizaram os elementos mais leves.
"Os isótopos de um elemento químico têm todos o mesmo número de prótons, embora [tenham] números diferentes de nêutrons. Os isótopos com menos nêutrons são mais leves e, portanto, devem ser capazes de escapar mais facilmente. Se a teoria da vaporização por aquecimento estivesse correta, encontraríamos menos desses isótopos leves na Terra hoje do que nos condritos originais. Mas é exatamente isso que as medidas dos isótopos não mostram", delineou Sossi a versão de sua equipe.
A pesquisa indica que, contrário dos condritos, os planetesimais foram aquecidos o suficiente para criar uma separação entre seu núcleo metálico e seu manto rochoso.
A equipe de Sossi fez simulações de milhares de planetesimais colidindo para determinar se eles poderiam reproduzir corpos celestes semelhantes a Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, e concluiu que uma mistura de planetesimais poderia ter formado nosso planeta, mas também que a composição da Terra é o resultado mais provável do ponto de vista estatístico.
"Apesar de termos suspeitado, ainda achamos este resultado muito notável. Agora não só temos um mecanismo que explica melhor a formação da Terra, mas também temos uma referência para explicar a formação dos outros planetas rochosos", disse Sossi, em referência a Mercúrio, Vênus e Marte.
"O mecanismo poderia ser usado, por exemplo, para prever como a composição de Mercúrio difere da composição dos outros planetas rochoso, ou como os exoplanetas rochosos de outras estrelas poderiam ser compostos", de acordo com Paolo Sossi.