Sem mencionar a China, o sucessor de Peter Dutton no governo de Anthony Albanese argumentou que a região está testemunhando a maior acumulação militar desde o final da Segunda Guerra Mundial, levantando o alarme sobre o "desenvolvimento e implementação de novas armas" pelo adversário que desafiou os "limites de capacidade militar" do Ocidente.
"Isso está mudando completamente as circunstâncias estratégicas do Indo-Pacífico, e acho que além disso, do mundo [...] Precisará contribuir para um equilíbrio mais eficaz do poderio militar, com o objetivo de evitar uma falha catastrófica de dissuasão", constatou Marles em um discurso no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington.
O ministro afirmou que o uso da força ou coerção para avançar nas reivindicações territoriais, "como está ocorrendo no mar do Sul da China", preocupa a Austrália, já que a China pode fazer o mesmo em qualquer lugar no Indo-Pacífico "onde as fronteiras ou a soberania são disputadas".
Instando a expansão dos exercícios e da implantação operacional, o ministro australiano constatou que Camberra buscará mais cooperação em defesa com a Índia, a Coreia do Sul e as nações do Sudeste Asiático.
"Queremos expandir exercícios e implantações operacionais na região, aproveitando o sucesso de exercícios como Talisman Sabre, RIMPAC e Malabar", sublinhou.
Por sua parte, o titular prometeu aumentar investimentos a fim de ampliar "a escala e a letalidade" para tornar as forças capazes de "guerra de alta intensidade".
"Isso incluirá recursos como armas de ataque de longo alcance, capacidades cibernéticas e sistemas de negação de área adaptados a uma variedade mais ampla de ameaças, incluindo a prevenção de atividades coercitivas ou de zona cinzenta escalarem para um conflito convencional", especificou Marles, que está em sua primeira visita aos EUA como ministro da Defesa.
Descrevendo o AUKUS, o pacto trilateral lançado em setembro de 2021 pela Austrália, Reino Unido e EUA, como "divisor de águas", o ministro constatou que a cooperação entre as três nações é "mais do que simplesmente um programa de capacidade para submarinos propulsados a energia nuclear".
Os EUA e seus aliados no Pacífico têm tentado atrair as nações "com visão semelhante" para uma plataforma conjunta por meses à medida que a China expande seu avanço na região. Em abril, o país assinou um pacto de segurança com Ilhas Salomão, uma nação do Pacífico que, até agora, tem tido dependência total da Austrália para suas necessidades de segurança.
A administração de Albanese criticou a China por alegado comportamento econômico "coercitivo" enquanto alega estar disposta a reparar os laços diplomáticos com Pequim.
As relações bilaterais foram rompidas em 2020, depois que a China impôs tarifas mais altas às exportações australianas, incluindo barreiras comerciais para cevada, vinho, frutos do mar e carvão. A ação de Pequim foi vista principalmente como uma resposta à decisão de Camberra de banir a Huawei da rede 5G da Austrália e exigir uma investigação independente sobre as origens da COVID-19.