O presidente dos EUA, Joe Biden, assegurou que Washington planeja permanecer totalmente engajado no Oriente Médio e não vai ceder influência regional a outras potências mundiais.
"Não vamos nos afastar e deixar um vácuo a ser preenchido pela China, Rússia ou Irã. Procuraremos construir este momento com liderança americana ativa e baseada em princípios", disse Biden neste sábado (16) durante a cúpula na cidade saudita de Jidá.
A Cúpula de Jidá para Segurança e Desenvolvimento, parada final da viagem de Biden ao Oriente Médio, reuniu os seis membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), além de Egito, Jordânia e Iraque. O CCG inclui Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU).
Os comentários de Biden se seguiram ao conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, dizendo na sexta-feira (15) que o presidente norte-americano "exporia claramente" sua visão e estratégia para o envolvimento dos EUA no Oriente Médio durante a cúpula do CCG+3.
A declaração veio em meio a relatos de que os Estados do CCG estão buscando um compromisso claro dos EUA para reforçar os laços estratégicos que foram manchados pelo suposto desligamento de Washington da região. As nações do CCG se recusaram a ficar do lado do Ocidente contra a Rússia no conflito na Ucrânia.
Riad e Abu Dhabi, por sua vez, teriam ficado frustrados com as condições dos EUA para a venda de armas, bem como por terem sido excluídos das negociações indiretas Washington-Teerã para reviver o acordo nuclear de 2015 com o Irã, também conhecido como Plano de Ação Abrangente Conjunto.
Da mesma forma, os EUA pressionaram repetidamente os EAU a retirar a Huawei Technologies Corporation da China de sua rede de telecomunicações. Washington alega que a tecnologia pode representar um risco de segurança para um acordo multibilionário suspenso para comprar os caças F-35 fabricados nos EUA, em um sinal da crescente frustração dos Emirados Árabes Unidos com os esforços dos EUA para limitar as vendas de tecnologia chinesa à nação do Golfo.
Quanto à Arábia Saudita, no início desta semana a Reuters citou fontes não identificadas alegando que o governo Biden está considerando suspender a proibição de vendas de armas ofensivas dos EUA ao reino. As fontes acrescentaram que qualquer decisão final dependeria dos progressos de Riad para acabar com o conflito armado no vizinho Iêmen.
Ao mesmo tempo, insiders afirmam que "as deliberações internas dos EUA são informais e estão em estágio inicial, sem decisão iminente". Segundo eles, não há discussões sobre armas ofensivas entre Washington e Riad "no momento".
Desde março de 2015, a aliança árabe liderada pela Arábia Saudita, em cooperação com as forças do ex-presidente iemenita Abed Rabbo Mansour Hadi, vem realizando operações aéreas, terrestres e marítimas contra os houthis. O prolongado conflito deixou mais de 300.000 mortos e provocou uma grande crise humanitária.
O anúncio de Washington em fevereiro de 2021 de que não apoiaria mais a operação militar liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, cortando as vendas de munições guiadas com precisão (PGM na sigla em inglês) para Riad, acrescentou ainda mais tensão aos laços entre a Arábia Saudita e os EUA. As relações bilaterais foram manchadas anteriormente pelo assassinato do colunista do Washington Post Jamal Khashoggi em 2018.
Em junho, altos funcionários dos EUA sinalizaram a prontidão da Casa Branca para "redefinir" o relacionamento bilateral e seguir em frente para restabelecer os laços com o aliado crucial de Washington no Oriente Médio.
O jornalista desapareceu em outubro de 2018 depois de entrar no consulado saudita em Istambul. Riad inicialmente negou qualquer conhecimento do paradeiro de Khashoggi, mas acabou admitindo que ele havia sido morto dentro do prédio da missão diplomática em uma "operação obscura". O governo saudita condenou várias pessoas por seu papel no assassinato e rejeitou repetidamente as alegações de que membros da família real estavam envolvidos.