"Eles não acreditam que tenha sido um ato de agressão. Segundo eles, a agressão foi cometida pelo Japão em Pearl Harbour [base naval dos EUA, atacada pela Marinha japonesa no início da Segunda Guerra Mundial] e as ações americanas foram atos de retaliação, assim como o bombardeio estratégico de cidades europeias por aviões britânicos e americanos. Eles consideram isso como atos de retaliação contra o agressor. Pode-se discordar, mas é a opinião dominante nos Estados Unidos", afirmou.
"Há mais de cinco meses que estamos à beira de um confronto militar direto entre a Rússia e a OTAN. Caso se dê um confronto direto, caso aconteça uma nova escalada da crise ucraniana, será possível o uso de armas nucleares. Claro que ninguém vai usá-las de ânimo leve. Trata-se do último recurso, mas não está fora de questão", salientou o especialista.
"Isso foi feito para demonstrar à União Soviética quem mandaria em um mundo novo, após a Segunda Guerra Mundial. O destino de milhares de pessoas, falecidas em resultado dos bombardeamentos, não lhes interessava de todo, junto com o destino dos que morreram já depois da Segunda Guerra Mundial ao longo dos conflitos na Coreia, Vietnã, Iraque, Líbia e Síria", disse.
"Como secretário-geral da Conferência de Desarmamento da ONU, lembro como os norte-americanos tentaram acabar com esse processo. Quando conduzíamos com eles as negociações sobre o SALT I e SALT II [conversações sobre limites das armas estratégicas], tratava-se de conversações sérias. Hoje em dia, estabelecem condições: cortem isso, aqui têm as nossas propostas, se não gostarem delas não faremos negociações. Quando alguém não quer negociações, apresenta propostas que, à partida, são inaceitáveis", afirma o especialista.