Após prestigiar a posse do novo presidente da Colômbia, Carlos França falou com o jornal O Globo a respeito das declarações de Gustavo Petro sobre as eleições no Brasil e a retomada das relações entre os governos venezuelano e colombiano.
Segundo ele, as declarações de Gustavo Petro de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem ser minimizadas, entendidas como falas "de um candidato eleito", e não de um chefe de Estado.
O chanceler brasileiro assegurou que no seu breve encontro com Petro o colombiano teve uma posição diferente em relação ao Brasil e às possibilidades de relacionamento com o governo de Jair Bolsonaro.
Em recepção organizada para jornalistas estrangeiros na noite de sábado (6), Petro foi questionado sobre sua expectativa sobre o Brasil, e sua resposta foi "pois que ganhe Lula".
"Vocês não falaram com o presidente Petro, vocês falaram com o candidato eleito", minimizou o chanceler do Brasil, acrescentando que "a partir de hoje [8], é o chefe de Estado quem está falando".
Além de ter falado com o presidente colombiano sobre assuntos de interesse regional, como a promoção da segurança alimentar e o compromisso com a prosperidade econômica, a Venezuela também foi pauta no encontro.
Com a retomada de relações entre a Colômbia de Petro e o governo venezuelano de Nicolás Maduro, o chanceler frisou que sequer a reabertura de um consulado (brasileiro na Venezuela) "está colocada [em pauta] agora".
"Nós reconhecemos o governo de Juan Guaidó e fechamos a embaixada em Caracas e os consulados na Venezuela. Você pode ter o modelo brasileiro, o português e, agora, a Colômbia, que tem uma relação diferente da que nós temos com a Venezuela e terá que ver o seu interesse e como faz", explicou França.
o chefe do Itamaraty disse que "nos preocupa que hoje a Venezuela seja um país que serve de abrigo para organizações criminosas ligadas ao narcotráfico, ao comércio ilegal de armas e à mineração irregular. Isso é uma ameaça para a segurança regional", afirmou.
Ele ainda apontou que na Venezuela "você não tem liberdade de expressão, de imprensa, você tem presos políticos e pouca transparência nas eleições. Manter uma relação bilateral nessas bases é complicado".