Em entrevista ao Flow Podcast, Bolsonaro disse que tratou "de muita coisa" quando foi a Moscou reunir-se com o presidente russo. O mandatário negou que tenha ido em um momento ruim, em razão do conflito com a Ucrânia, e exaltou as negociações que garantiram o abastecimento do país com os fertilizantes russos.
"Fiquei três horas conversando com o Putin, com uma distância curta, sem máscara, e tratamos de muita coisa lá, não foi só de fertilizantes. O nosso agronegócio depende dos fertilizantes. [...] O mundo sem o Brasil passa fome", disse Bolsonaro.
"Tudo que foi tratado com o Putin foi cumprido, em especial a questão dos fertilizantes", afirmou.
"Não posso falar tudo e nem vou, por questão de ética", completou.
Durante a entrevista, Bolsonaro lembrou que o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, o pressionou a aderir ao boicote internacional contra a Rússia e sinalizou mais uma vez que isso está longe de ocorrer. Dados publicados pelo Ministério da Economia brasileiro indicam que Moscou praticamente dobrou exportações para o Brasil.
"Há poucas semanas veio falar comigo o presidente Zelensky, que tá lá levando chumbo. O que ele pediu pra mim é que eu entre no grupo pra boicotar [a Rússia], [com] medidas econômicas contra a Rússia. [Mas] eu sou presidente do Brasil. [...] Eu falei pro Zelensky: se eu pudesse, eu acabava com a guerra hoje. Mas como começou e como vai terminar, eu não posso falar porque sou chefe de Estado."
Entre janeiro e julho de 2021, o Brasil tinha importado da Rússia um total de US$ 2,6 bilhões (R$ 13,2 bilhões). Já nos sete primeiros meses de 2022, a conta subiu para US$ 5,1 bilhões (R$ 26,04 bilhões).
O levantamento ainda aponta que, com o aumento do fluxo, os russos superaram alguns dos tradicionais parceiros comerciais do Brasil, como México, Coreia do Sul, Japão, Canadá e os países da Comunidade Andina.