Ajudar a Ucrânia em sua luta contra a Rússia tem um preço para a Europa que os cidadãos deveriam estar dispostos a pagar, disse o chefe de política externa da União Europeia (UE). Segundo Borrell, uma vitória russa seria a perda da Europa.
"Devemos explicar aos nossos cidadãos que esta não é a guerra de outra pessoa", disse o diplomata em entrevista publicada pelo jornal El Pais nesta quinta-feira (11). "O público deve estar disposto a pagar o preço de apoiar a Ucrânia e preservar a unidade da UE".
"Estamos em guerra. Essas coisas não são gratuitas", acrescentou a autoridade, reconhecendo que o custo deve ser distribuído "equitativamente".
Borrell estava se referindo ao aumento da inflação e à potencial escassez de energia enfrentada pelos países europeus depois de decidir punir a Rússia pela realização de sua operação militar especial na Ucrânia, recusando-se a comprar sua energia. Bruxelas quer que os Estados-membros reduzam o consumo para estarem mais bem preparados para o pico de demanda neste inverno, mas alguns países resistiram à proposta.
A Espanha, por exemplo, país natal do diplomata, estava entre as vozes contrárias à medida de economia do bloco. A ministra da Energia, Teresa Ribera, disse no mês passado que "impor sacrifícios injustos" não era a melhor maneira de lidar com a crise. Ela argumentou que, ao contrário das pessoas em algumas outras nações, "os espanhóis não viveram além de suas possibilidades do ponto de vista energético".
Os europeus "não podem mostrar falta de solidariedade" com essas disputas, disse Borrell durante a entrevista. Ele advertiu Madri por não apreciar "o que esta guerra representa para os países mais próximos a ela", como a Polônia. A Espanha pode se beneficiar da dissociação da UE da Rússia no longo prazo, tornando-se um importante centro de fornecimento de gás natural liquefeito para a Europa, acrescentou.
O chanceler da UE alertou que a Europa deve estar preparada para que o conflito na Ucrânia continue por muito tempo. Comentando os objetivos europeus no conflito, ele disse que "se a Rússia vencer esta guerra e ocupar parte do território ucraniano, então nós, europeus, teremos perdido e enfrentaremos uma ameaça muito maior".
O governo ucraniano diz que só vai falar com a Rússia depois de empurrar seus militares para onde estavam antes de 2014, o que incluiria a captura da Crimeia. Borrell disse que as nações ocidentais têm um "imperativo moral" de apoiar Kiev. Ele disse que os EUA e a UE estão em "cooperação absoluta" sobre o assunto e sugeriu que esse não teria sido o caso se Donald Trump estivesse no poder em Washington.