O governo da China se pronunciou neste sábado (13) sobre as críticas feitas pelos Estados Unidos a respeito da decisão de Pequim de suspender a parceria de cooperação antinarcótica entre os dois países, estabelecida em 2017.
A parceria tinha como alvo eliminar cadeias de produção e venda ilegal de opioides, em especial o fentanil, epicentro de uma crise de saúde sem precedentes nos EUA. O uso de analgésicos potentes no país, que têm o ópio como base, saltou na última década, se tornando uma fonte de preocupação para os governos de Donald Trump e do atual presidente americano, Joe Biden.
A decisão de suspender a parceria foi tomada como uma das respostas de Pequim à visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan. Na semana passada, Rahul Gupta, diretor do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca, classificou como "inaceitável" a decisão de Pequim e disse que ela ocorre em um momento em que a epidemia do uso de fentanil já ceifou mais de 100 mil vidas nos EUA somente no ano passado.
Em comunicado divulgado neste sábado pela Xinhua, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse que essa é uma questão americana e que Washington deve arcar com as consequências de prejudicar a cooperação entre os dois países.
"Desconsiderando o severo aviso e as repetidas representações da China, a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, insistiu em sua visita provocativa à região chinesa de Taiwan, que prejudicou seriamente a base política das relações China-EUA. Quanto ao abuso de fentanil nos Estados Unidos, gostaria de dizer que a raiz da crise está nos EUA", disse Wenbin.
Ele destacou que a China "fez grandes esforços para ajudar os Estados Unidos a resolver o problema do fentanil", observando que o abuso da substância não é um grande problema na China, já que o medicamento nunca foi usado em larga escala no país, como ocorre atualmente nos EUA. Ele acrescentou que, mesmo assim, Pequim fez um trabalho humanitário para ajudar os EUA, trabalhando em cooperação com outros países para enfrentar o desafio.
Porém, ele destacou que a responsabilidade de minar a parceria é inteiramente americana. "As consequências de minar as relações bilaterais e prejudicar a cooperação antidrogas China-EUA devem ser totalmente arcadas pelo lado americano".
O porta-voz finalizou afirmando que a China "espera, sinceramente, que os EUA resolvam efetivamente a crise do abuso de fentanil, e que o povo americano esteja livre do flagelo das drogas em breve".