O arqueólogo Howard Carter, que descobriu o túmulo de Tutancâmon em 1922, roubou alguns dos tesouros encontrados no local de enterramento do faraó egípcio, revelou uma carta de 1934 enviada a Carter por um membro de sua equipe de escavação.
Em 1922, Carter e seu patrocinador, o aristocrata George Herbert, descobriram o túmulo de 3.300 anos do jovem rei que estava cheio de milhares de objetos, incluindo tronos e carruagens, que se acreditava serem necessários no outro mundo. Na década seguinte Carter supervisionou a remoção desses objetos e seu transporte pelo Nilo até o Cairo, onde foram expostos no Museu Egípcio.
O jornal britânico The Guardian relatou no sábado (13) que Carter deu ao egiptólogo britânico Alan Gardiner, que foi contratado pelo arqueólogo para traduzir hieróglifos encontrados no túmulo, um "amuleto whm", usado para oferendas aos mortos, afirmando que o amuleto não veio do túmulo.
Mais tarde, Gardiner mostrou o amuleto a Reginald Engelbach, na época o diretor britânico do Museu Egípcio no Cairo, o qual lhe disse que ele tinha realmente vindo do túmulo de Tutancâmon porque combinava com outros exemplos que tinham sido todos feitos a partir do mesmo molde.
"O amuleto whm que você me mostrou foi sem dúvida roubado do túmulo de Tutancâmon [...] Lamento profundamente ter sido colocado em uma posição tão constrangedora [...] Naturalmente, eu não disse a Engelbach que obtive o amuleto de você", escreveu Gardiner a Carter em 1934.
Como contou Bob Brier, um dos principais egiptólogos da Universidade de Long Island, Nova York, EUA, ao The Guardian, há muito tempo que correm rumores de que Carter roubou tesouros, "mas agora não há dúvidas sobre isso".
A correspondência entre Carter e membros de sua equipe de escavação permanece em uma coleção privada, mas será publicada pela Oxford University Press no próximo livro de Brier, "Tutancâmon e o Túmulo que Mudou o Mundo" ("Tutankhamun and the Tomb that Changed the World").