Panorama internacional

Em breve, certas famílias na Europa terão de escolher entre aquecimento e comida, diz Bloomberg

Os governos europeus não estão preparando a sua população para os meses mais frios de forma apropriada. Nesse contexto, o líder russo Vladimir Putin usará a energia como arma, escreve a colunista da Bloomberg Maria Tadeo. "Será difícil recuperar o tempo perdido", salientou.
Sputnik

"O prefeito de Vigo, na Galiza espanhola, já começou a preparar a sua cidade para a tradicional euforia de Natal, mesmo que o governo central espanhol, cooperando com as autoridades da UE, esteja tentando reduzir o consumo de energia", disse.

Segundo o prefeito espanhol, se todas as luzes tiverem que ser desligadas, Vladimir Putin vencerá.

"Em condições de iminente crise energética, a iluminação festiva deve estar no fundo da lista das prioridades. Gosto do Natal, tal como todo o mundo, mas espero que, quando ele chegar este ano, nós tiremos a cabeça das nuvens e passemos à realidade", escreve a colunista.

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Na semana passada, na Espanha entraram em vigor medidas para economizar eletricidade. O ar condicionado deve ser regulado a 27 graus Celsius, a iluminação nas montras terá que ser desligada às 22h00, enquanto também será preciso reduzir a iluminação nas entidades públicas.
Conforme a Bloomberg, tais medidas causaram fortes discussões entre o governo central, as administrações regionais e os populares destinos turísticos como Madri, onde a vida noturna só começa depois das 21:00 horas.

"É uma demonstração clara de quão mal – tanto do ponto de vista emocional como prático‘ os europeus têm se preparado para o inverno, que pode se tornar o mais escuro no continente desde há muitos anos", diz a publicação.

Maria Tadeo salienta que o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez fez um gesto simbólico ao ter decidido deixar de usar gravata para não sentir tanto calor sob o ar condicionado desligado. Além disso, as discussões sobre as restrições introduzidas vão muito além das fronteiras espanholas.
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Na França, o presidente do país Emmanuel Macron planeja divulgar o seu plano da "moderação energética", que em essência é similar às medidas espanholas. "Vai certamente enfrentar a mesma resistência", aponta a autora.
Nesse contexto, a inimiga jurada de Macron, a sua adversária política Marine Le Pen segue afirmando que as sanções europeias contra a Rússia tiveram o efeito contrário, e agora são os franceses que terão de pagar por isso.
Contudo, quem vai sentir um inverno severo [no Hemisfério Norte] ainda mais que os outros será a Alemanha. A Agência Federal das Redes alemã já apelou para a população do país reduzir o consumo e começar a poupar dinheiro para pagar as contas de eletricidade no inverno. Mesmo assim, o líder alemão Olaf Scholz evita ouvir as preocupações da mídia sobre os perigos do inverno.
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Na Itália, a questão da sobrevivência no inverno provocou um escândalo político.

"O primeiro-ministro interino, Mario Draghi, [que renunciou ao cargo de premiê há pouco] desencadeou uma polêmica ao afirmar que os italianos terão que escolher: ou usar o ar condicionado ou ajudar a Ucrânia", diz a Bloomberg.

Segundo a colunista, não querendo semear o pânico entre a população, as autoridades europeias têm evitado que os cidadãos se apercebam dos perigos do inverno que vem. O resultado é que agora os cidadãos comuns dos países da União Europeia não sabem por completo o que poderá acontecer nos meses mais frios.
Hoje, as discussões sobre o uso reduzido da iluminação podem soar absurdas, mas, como supõe Maria Tadeo, quando chegar dezembro, as medidas de restrição deixarão de parecer tolices. "É difícil até imaginar quais serão as consequências para as famílias de baixos rendimentos, que terão de escolher entre a comida e o aquecimento", conclui.
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