"A Alemanha tem um modelo econômico que se desenvolveu em grande medida nas condições de dependência do gás russo barato", disse Habeck durante uma coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (15), para anunciar o estabelecimento de um imposto especial sobre o gás, que faz parte dos esforços para distribuir entre os consumidores finais os altos custos de substituir o hidrocarboneto proveniente da Rússia.
O vice-chanceler enfatizou que o respectivo modelo "falhou e não voltará", ao mesmo tempo qualificando Moscou como uma "inimiga" do direito internacional e da "democracia liberal e seus valores".
Segundo Habeck, o país euroasiático interrompeu "arbitrariamente" o fornecimento de gás à União Europeia, pelo que o governo alemão optou pelo "remédio amargo" do imposto para "resgatar" as empresas em dificuldades.
'Todas as medidas têm consequências'
"Esta tarifa é a forma mais justa possível de distribuir entre a população os custos adicionais que se acumularam. A alternativa não é nenhum imposto, mas o colapso do mercado energético alemão e, com ele, de grande parte do mercado energético europeu", argumentou o ministro alemão.
A nova contribuição, de 2,4 euros por quilowatt-hora, entrará em vigor em 1º de outubro e vigorará até abril de 2024. Desta forma, a fatura de uma família média de quatro pessoas aumentaria em cerca de 500 euros por ano, explicou a Reuters.
"Todas as medidas têm consequências e algumas delas também são imposições", admitiu Habeck, acrescentando que estas decisões ajudarão a Alemanha a obter a independência energética e "atuar soberanamente" em questões de política externa e segurança.
Os políticos e mídia ocidental culpam a Rússia de utilizar a energia "como uma arma" para "chantagear" a UE. No entanto, a crise energética no bloco ficou evidente na primeira metade de 2021, quando as nações da união esgotaram suas reservas de gás após uma temporada de inverno relativamente frio e os preços dispararam.
A situação piorou com a imposição de sanções antirrussas pela operação militar de Moscou na Ucrânia. A Rússia respondeu exigindo pagamentos em rublos pelos seus envios de gás para a Europa.
Além disso, antes da operação militar russa, o governo alemão ordenou a suspensão do processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), que liga a Rússia à Alemanha através do fundo do mar Báltico. Sua construção terminou em setembro de 2021, apesar da oposição dos EUA, Ucrânia e outros países, embora a infraestrutura não tenha funcionado por motivos políticos.