"O conflito não é mais entre a Rússia e a Ucrânia, afeta toda a humanidade, afeta o sul do globo e afeta também a América Latina. O G7 (Grupo dos 7) dispara mísseis e a fome nos atinge e isso deve ser mudado. Devemos acabar com isso, a humanidade não pode continuar com essa lógica", disse Fernández durante o seminário "Unidade na Diversidade", organizado pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
Fernandez argumentou que existem "promotores passivos" do conflito, que, embora "não enviem tropas, enviam armas e deixam o conflito aumentar e vidas continuam sendo perdidas".
"No G7, eu queria que tentássemos uma solução rápida e ela não chegou, com a qual você começa a ver movimentos militares no mar da China e vê-se o prelúdio de um novo conflito que só está destinado a agravar a tragédia. É o mundo de hoje, que trará uma nova realidade geopolítica que não sabemos qual será e que não poderemos dominar", refletiu.
Ele argumentou que a América Latina precisa "se unir para enfrentar qualquer tragédia ou momento ruim".
"Este mundo infeliz vai precisar de energia, alimentos, bens que a América Latina tem em quantidade. (...) Devemos nos encorajar a industrializar esses produtos. (...) Devemos saber que estamos no continente mais desigual no mundo, não podemos ser felizes em sociedades desiguais. Devemos aproveitar a paz e a unidade para o desenvolvimento e a justiça social", acrescentou.
O seminário da CELAC contou com a presença do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, da primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil, 2003-2011), José Mujica (Uruguai, 2010-2015), José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha, 2004-2011) e Vinicio Cerezo (Guatemala, 1986-1991).
O evento contou com três painéis que abordaram "diversidades e consensos para a integração", a região da América Latina como zona de paz, além da integração econômica e política em um sistema internacional de crise e o papel das organizações multilaterais, da sociedade civil e da academia sobre a questão.
Este seminário pretende ser uma "instância preparatória" para o encontro presencial dos chanceleres da CELAC e da União Europeia (UE), a ser realizado em 27 de outubro, também em Buenos Aires.