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Sanções contra a Rússia e conflito na Ucrânia se infiltram na cúpula do Mercosul
Sanções contra a Rússia e conflito na Ucrânia se infiltram na cúpula do Mercosul
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A cúpula do Mercado Comum do Sul (Mercosul), realizada nesta quinta-feira (21), não ficou inerte sobre a tensão internacional devido ao conflito na Ucrânia e... 21.07.2022, Sputnik Brasil
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Alguns países-membros do bloco sul-americano alertaram sobre os efeitos das medidas contra Moscou nas economias da região — e chegaram a discutir a possibilidade de diálogo com o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, que acabou sendo rejeitada ontem (20).Um dos mais claros ao falar sobre essas questões foi o presidente da Argentina, Alberto Fernández, que disse que "quando alguém espirra em Moscou, um argentino pega um resfriado" e garantiu que "a Argentina está em convulsão econômica".Por sua vez, o diretor do Departamento do Mercosul do governo brasileiro, Michel Arslanian, disse à Sputnik que seu país e todo o Mercosul reconhecem que as sanções contra a Rússia produzem "distúrbios" no acesso a suprimentos.Sanções contra a RússiaNumerosos países condenaram a operação militar que Moscou lançou na Ucrânia, em 24 de fevereiro, e ativaram baterias de sanções individuais, coletivas e setoriais que buscam infligir o maior dano possível à economia russa.Pela primeira vez, as sanções incluem a desconexão parcial da Rússia do sistema SWIFT (sigla em inglês para Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais), a imobilização das reservas internacionais de seu Banco Central e, no caso de países como EUA, Canadá, Reino Unido e Austrália, o embargo sobre a importação de petróleo russo.O SWIFT é uma plataforma que conecta cerca de 11 mil instituições financeiras em mais de 200 países e serve como base do sistema financeiro internacional.Dezenas de empresas anunciaram desde o final de fevereiro a decisão de suspender seus negócios na e com a Rússia.A escalada de sanções transformou a Rússia, de forma disparada, na nação mais sancionada do mundo, segundo a plataforma Castellum.ai, serviço de rastreamento de restrições econômicas no mundo.No total, estão em vigor 11.411 medidas restritivas contra a Rússia, segundo os cálculos do site. A quantidade é mais que o triplo das 3.637 sanções impostas pelo Ocidente ao Irã. Na sequência, aparecem a Síria (2.614), a Coreia do Norte (2.111), Belarus (1.133), a Venezuela (651) e Mianmar (567).UcrâniaO vice-ministro de Relações Econômicas e Integração do Paraguai, Raúl Cano, afirmou nesta quarta-feira que o Mercosul não vai conversar com o presidente da Ucrânia.Em 6 de julho, Zelensky conversou com seu homólogo paraguaio, Mario Abdo Benítez, a quem pediu para se dirigir aos líderes do Mercosul no contexto do conflito com a Rússia, informou o Ministério das Relações Exteriores do país sul-americano.O presidente paraguaio afirmou que consultaria seus pares, já que as decisões no bloco são tomadas por consenso.Cano disse hoje (21) que o Mercosul sente os impactos do conflito em suas economias. Políticas do Mercosul Por outro lado, Fernández pediu a seus pares regionais um consenso para fortalecer a união do bloco e, assim, enfrentar os desafios da crise econômica mundial devido ao conflito na Ucrânia.Ele argumentou que esta situação tornou um mundo mais complexo em que "milhões de toneladas de trigo, cereais e girassóis" deixaram o mercado.Os habitantes do hemisfério sul são as principais vítimas desse contexto adverso, disse Fernández.A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) anunciou "que, como resultado da guerra, o mundo enfrentará uma fome que afetará 300 milhões de habitantes".Observando que a América Latina é o continente mais desigual do mundo, Fernández destacou a importância de se unir dentro do bloco comercial para se proteger.Na mesma linha, o vice-ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Raúl Silvero, disse que o Mercosul deve promover políticas que sirvam para enfrentar a "crise" pós-pandemia e econômica gerada pelo conflito na Ucrânia.O Mercosul é formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, com a Venezuela atualmente suspensa e a Bolívia em processo de adesão.Nesta quinta-feira (21), foi realizada a cúpula de chefes de estado do bloco, que contou com a presença dos presidentes Fernández, Luis Lacalle Pou, do Uruguai, e Abdo Benítez. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, declinou do convite de participação.
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Sanções contra a Rússia e conflito na Ucrânia se infiltram na cúpula do Mercosul
18:05 21.07.2022 (atualizado: 19:47 21.07.2022) A cúpula do Mercado Comum do Sul (Mercosul), realizada nesta quinta-feira (21), não ficou inerte sobre a tensão internacional devido ao conflito na Ucrânia e às sanções ocidentais contra a Rússia.
Alguns países-membros do bloco sul-americano alertaram sobre os efeitos
das medidas contra Moscou nas economias da região — e chegaram a discutir a possibilidade de diálogo com o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky,
que acabou sendo rejeitada ontem (20).
Um dos mais claros ao falar sobre essas questões foi o presidente da Argentina, Alberto Fernández, que disse que "quando alguém espirra em Moscou, um argentino pega um resfriado" e garantiu que "a Argentina está em convulsão econômica".
"O mundo entrou em um conflito que não sabemos quando terminará ou quanta miséria e fome trará. Vamos unir forças. Tivemos que governar no pior momento da história mundial. Não quero que seja em vão, quero que sirva pelo menos para que entendamos que devemos estar juntos e mais unidos do que nunca, que unidos somos mais fortes", acrescentou Fernández.
Por sua vez, o diretor do Departamento do Mercosul do governo brasileiro, Michel Arslanian, disse à Sputnik que seu país e todo o Mercosul reconhecem que as sanções contra a Rússia produzem "distúrbios" no acesso a suprimentos.
"Acho que Brasil e Mercosul reconhecem que as sanções são fatores que atrapalham o acesso a diversos insumos e produtos. Isso se refletirá no comunicado conjunto [dos países do bloco]", disse Arslanian no âmbito do encontro da cúpula.
Pela primeira vez, as sanções incluem a desconexão parcial da Rússia do sistema SWIFT (sigla em inglês para Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais), a imobilização das reservas internacionais de seu Banco Central e, no caso de países como EUA, Canadá, Reino Unido e Austrália,
o embargo sobre a importação de petróleo russo.
O SWIFT é uma plataforma que conecta cerca de 11 mil instituições financeiras em mais de 200 países e
serve como base do sistema financeiro internacional.
Dezenas de empresas anunciaram desde o final de fevereiro a
decisão de suspender seus negócios na e com a Rússia.
A
escalada de sanções transformou a Rússia, de forma disparada, na
nação mais sancionada do mundo,
segundo a plataforma Castellum.ai, serviço de rastreamento de restrições econômicas no mundo.
No total, estão em vigor 11.411 medidas restritivas contra a Rússia, segundo os cálculos do site. A quantidade é mais que o triplo das 3.637 sanções impostas pelo Ocidente ao Irã. Na sequência, aparecem a Síria (2.614), a Coreia do Norte (2.111), Belarus (1.133), a Venezuela (651) e Mianmar (567).
O vice-ministro de Relações Econômicas e Integração do Paraguai, Raúl Cano, afirmou nesta quarta-feira que o Mercosul não vai conversar com o presidente da Ucrânia.
"O Mercosul faz suas determinações por consenso e não houve consenso para estabelecer essa comunicação. A Ucrânia já foi informada de que não há condições de poder falar como Mercosul com Zelensky", disse.
Em 6 de julho, Zelensky conversou com seu homólogo paraguaio, Mario Abdo Benítez, a quem pediu para se dirigir aos líderes do Mercosul no contexto do conflito com a Rússia, informou o Ministério das Relações Exteriores do país sul-americano.
O presidente paraguaio afirmou que consultaria seus pares, já que as decisões no bloco são tomadas por consenso.
Cano disse hoje (21) que o Mercosul sente os impactos do conflito em suas economias.
"É um conflito que está muito longe de nós e não queremos transportá-lo, mas isso nos afeta", refletiu o funcionário. "O que podemos dizer é que o conflito na Ucrânia afeta todos os países do Mercosul com choque inflacionário e déficit na produção de alimentos. Queremos abordar medidas conjuntas para lidar com a situação. Somos fornecedores confiáveis de alimentos. A segurança alimentar está em risco devido ao aumento dos preços dos combustíveis e fertilizantes e estamos analisando como mitigar esse impacto. Mas, por enquanto, não estamos trabalhando juntos", acrescentou.
Por outro lado, Fernández pediu a seus pares regionais um consenso para fortalecer a união do bloco e, assim, enfrentar os desafios da crise econômica mundial devido ao conflito na Ucrânia.
Ele argumentou que esta situação tornou um mundo mais complexo em que "milhões de toneladas de trigo, cereais e girassóis" deixaram o mercado.
"75% do petróleo consumido na Europa e que vem da Ucrânia desapareceu e a fome começa a assolar o mundo inteiro", alertou.
Os habitantes do hemisfério sul são as principais vítimas desse contexto adverso, disse Fernández.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) anunciou "que, como resultado da guerra, o mundo enfrentará uma fome que afetará 300 milhões de habitantes".
Observando que a América Latina é o continente mais desigual do mundo, Fernández destacou a importância de se unir dentro do bloco comercial para se proteger.
"Você ouve que a Europa dizer que está ficando sem energia, que sua inflação aumenta em 300%, 400%, 500%, que a inflação dos EUA aumenta 800%", disse o presidente argentino.
Na mesma linha, o vice-ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Raúl Silvero, disse que o Mercosul deve promover políticas que sirvam para enfrentar a "crise" pós-pandemia e econômica gerada pelo conflito na Ucrânia.
"Diante da insegurança alimentar, esta região é grande produtora de alimentos e isso faz com que tenhamos um papel fundamental nesta circunstância", disse.
O Mercosul é formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, com a Venezuela atualmente suspensa e a Bolívia em processo de adesão.
Nesta quinta-feira (21), foi realizada a cúpula de chefes de estado do bloco, que contou com a presença dos presidentes Fernández, Luis Lacalle Pou, do Uruguai, e Abdo Benítez.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, declinou do convite de participação.