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Ausência de Bolsonaro não será maior dos problemas da Cúpula do Mercosul, diz pesquisador
Ausência de Bolsonaro não será maior dos problemas da Cúpula do Mercosul, diz pesquisador
Sputnik Brasil
Depois de dois anos de eventos à distância em razão da pandemia de COVID-19, a Cúpula do Mercosul será realizada nesta quinta-feira (21) em Assunção, no... 21.07.2022, Sputnik Brasil
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O principal debate da 60ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados é a flexibilização de regras relativas a acordos comerciais com países de fora do Mercosul. Em especial, trava-se um embate em torno do tratado de livre-comércio (TLC) articulado pelo Uruguai com a China. As negociações, já avançadas, têm gerado tensões que colocam em xeque a própria manutenção do bloco e estão entre as motivações para a ausência do presidente brasileiro no evento. Por outro lado, deve ser formalizado um acordo com Cingapura.Bolsonaro anunciou na segunda-feira (18) que não participaria do encontro. Com menos de 80 dias para as eleições gerais de 2022, em outubro, o presidente afirmou que tem problemas para resolver no Brasil e, por isso, não poderia ir a Assunção.Além do presidente paraguaio, anfitrião, estão confirmados os presidentes de Argentina, Uruguai, Bolívia e Suriname e o primeiro-ministro da Guiana.Lucas Mesquita, coordenador do curso de relações internacionais da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), conversou com a Sputnik Brasil sobre as tensões que afetam a cúpula e disse que o Mercosul pode sair ainda mais enfraquecido desse encontro.O pesquisador destaca que são dois os principais conflitos que afetam a cúpula: a tensão entre Uruguai e Argentina em razão do acordo proposto pelos uruguaios com a China e as questões políticas internas de Brasil e Argentina.Mesquita aponta que os governos dos dois maiores países do bloco passam por crises internas de reprovação, em decorrência principalmente dos efeitos negativos na economia. Nesse sentido, espera-se a redução da Tarifa Externa Comum, até mesmo como uma medida para frear o avanço inflacionário no Brasil.Sobre o TLC articulado pelos uruguaios, o pesquisador disse que há questionamentos que podem impedir sua aprovação, principalmente por colocar a China em outro patamar na América do Sul. Um outro fator que pesa é o fato de o Paraguai não ter relações diplomáticas com a China, mas ter com Taiwan."O TLC com a China passa por alguns questionamentos internos ao bloco. Primeiro porque coloca em um outro patamar a inserção da China nas economias dos países-membros. Segundo [por] uma intensidade muito maior por parte do governo uruguaio em adotar o acordo, principalmente quando observamos a política argentina para o bloco e a política paraguaia para os chineses. Há inclusive uma propensão maior dos membros de caminharem para o anúncio do acordo com Cingapura, inclusive com maior prioridade, seja pelo fato de as negociações com a China estarem fora das atuais regras do bloco enquanto com o outro país asiático passam pelas normas do bloco, seja porque reduz os tensionamentos com argentinos e paraguaios", afirma.Diante dessas questões, a ausência de Bolsonaro acaba não sendo o maior dos problemas e, para o pesquisador, só reflete a política adotada pelo governo brasileiro no último período.Essa ausência foi bastante criticada pelo senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, membro da Comissão de Relações Exteriores e integrante do Parlamento do Mercosul (Parlasul)."Talvez, para os demais presidentes do Mercosul e Estados associados, seja um alívio não ter de dividir a mesa com alguém da estatura política de Bolsonaro. Mas o isolamento é dele, não é do Brasil. E vamos provar isso quando Lula vencer as próximas eleições. Nosso país retomará os diálogos e refará as pontes democráticas com os nossos vizinhos e com o resto do mundo, rompidas por esse governo de caráter fascista", completou o senador.Apesar de os debates acalorados sobre o acordo com a China afetarem a unidade do bloco, Mesquita acredita que não há risco de rompimento."O Mercosul, sem sombra de dúvidas, se enfraquece ainda mais, mas creio que não seja o caso de rompimento. Embora muito enfraquecido e com vários questionamentos internos, a interdependência econômica e política que o bloco possui, principalmente para grupos econômicos internos dos países, é um elemento de manutenção", apontou.
https://noticiabrasil.net.br/20220713/acordo-entre-mercosul-e-cingapura-pode-gerar-impacto-assimetrico-para-o-brasil-diz-especialista-23590222.html
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Ausência de Bolsonaro não será maior dos problemas da Cúpula do Mercosul, diz pesquisador
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Depois de dois anos de eventos à distância em razão da pandemia de COVID-19, a Cúpula do Mercosul será realizada nesta quinta-feira (21) em Assunção, no Paraguai. Apesar da ausência do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, o evento conta com a presença da maioria dos chefes de Estado e de governo dos países-membros e associados do bloco.
O principal debate da
60ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados é a flexibilização de regras relativas a
acordos comerciais com países de fora do Mercosul. Em especial, trava-se um embate em torno do tratado de livre-comércio (TLC) articulado pelo Uruguai com a China. As negociações, já avançadas, têm gerado tensões que colocam em xeque a própria manutenção do bloco e estão entre as motivações para a ausência do presidente brasileiro no evento. Por outro lado, deve ser formalizado um acordo com Cingapura.
Bolsonaro anunciou na segunda-feira (18) que não participaria do encontro. Com menos de 80 dias para as eleições gerais de 2022, em outubro, o
presidente afirmou que tem problemas para resolver no Brasil e, por isso, não poderia ir a Assunção.
Além do presidente paraguaio, anfitrião, estão confirmados os presidentes de Argentina, Uruguai, Bolívia e Suriname e o primeiro-ministro da Guiana.
Lucas Mesquita, coordenador do curso de relações internacionais da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), conversou com a Sputnik Brasil sobre as tensões que afetam a cúpula e disse que o Mercosul pode sair ainda mais enfraquecido desse encontro.
O pesquisador destaca que são dois os principais conflitos que afetam a cúpula: a tensão entre Uruguai e Argentina em razão do acordo proposto pelos uruguaios com a China e as questões políticas internas de
Brasil e Argentina.
Mesquita aponta que os governos dos dois maiores países do bloco passam por crises internas de reprovação, em decorrência principalmente dos efeitos negativos na economia. Nesse sentido, espera-se a redução da Tarifa Externa Comum, até mesmo como uma medida para frear o avanço inflacionário no Brasil.
Sobre o TLC articulado pelos uruguaios, o pesquisador disse que há questionamentos que podem impedir sua aprovação,
principalmente por colocar a China em outro patamar na América do Sul. Um outro fator que pesa é o fato de o Paraguai não ter relações diplomáticas com a
China, mas ter com Taiwan.
"O TLC com a China passa por alguns questionamentos internos ao bloco. Primeiro porque coloca em um outro patamar a inserção da China nas economias dos países-membros. Segundo [por] uma intensidade muito maior por parte do governo uruguaio em adotar o acordo, principalmente quando observamos a política argentina para o bloco e a política paraguaia para os chineses. Há inclusive uma propensão maior dos membros de caminharem para o anúncio do acordo com Cingapura, inclusive com maior prioridade, seja pelo fato de as negociações com a China estarem fora das atuais regras do bloco enquanto com o outro país asiático passam pelas normas do bloco, seja porque reduz os tensionamentos com argentinos e paraguaios", afirma.
Diante dessas questões, a ausência de Bolsonaro acaba não sendo o maior dos problemas e, para o pesquisador, só reflete a política adotada pelo governo brasileiro no último período.
"A não participação do Brasil na cúpula, no meu entender, é reflexo e reforça a política adotada pelo governo Bolsonaro com relação à integração regional, em especial ao Mercosul. Nas últimas cúpulas a participação do Brasil já foi bem reduzida e extremamente protocolar. Não se avançou em agendas efetivas da integração regional, pelo contrário. Nesse sentido, a ausência é só mais um reflexo dessa agenda do governo de desintegração regional", disse Mesquita.
Essa ausência foi bastante criticada pelo senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, membro da Comissão de Relações Exteriores e integrante do Parlamento do Mercosul (Parlasul).
"É lamentável que, na primeira cúpula realizada desde a pandemia, o Brasil não se faça representar. Somos o maior país do bloco e não estaremos lá porque o presidente da República cancelou a sua participação. Isso só demonstra o quanto Bolsonaro está isolado do ponto de vista continental e também internacional", criticou Costa.
"Talvez, para os demais presidentes do Mercosul e Estados associados, seja um alívio não ter de dividir a mesa com alguém da estatura política de Bolsonaro. Mas o isolamento é dele, não é do Brasil. E vamos provar isso quando Lula vencer as próximas eleições. Nosso país retomará os diálogos e refará as pontes democráticas com os nossos vizinhos e com o resto do mundo, rompidas por esse governo de caráter fascista", completou o senador.
Apesar de os debates acalorados sobre o acordo com a China afetarem a unidade do bloco, Mesquita acredita que não há risco de rompimento.
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O Mercosul, sem sombra de dúvidas, se enfraquece ainda mais, mas creio que não seja o caso de rompimento. Embora muito enfraquecido e com vários questionamentos internos, a
interdependência econômica e política que o bloco possui, principalmente para grupos econômicos internos dos países, é um elemento de manutenção", apontou.
"Um rompimento, no meu entendimento, é mais prejudicial para os grupos econômicos internos do que a permanência do bloco da forma que ele se encontra. Entendo que é melhor buscar a acomodação de forças dissonantes do que romper com o bloco e gerar crises econômicas", finalizou.