Desde o início de agosto, 27 navios com grãos partiram dos portos ucranianos do mar Negro sob um acordo mediado pela ONU e pela Turquia e assinado por Moscou e Kiev, revelou o ministro da Defesa da Turquia no sábado (20), acrescentando que este desenvolvimento estabelece "as bases para um ambiente de paz permanente".
"Desde 1º de agosto, um total de 53 navios partiu com embarques de grãos, 27 dos quais partiram de portos ucranianos", disse o ministro da Defesa, Hulusi Akar, no Centro de Coordenação Conjunta de Istambul (JCC, na sigla em inglês), falando ao lado do secretário-geral da ONU, António Guterres.
O centro, que foi criado no final de julho como parte do acordo de grãos, é encarregado de supervisionar os embarques da Ucrânia para os mercados globais e manter rotas de trânsito seguras para entregas através do mar Negro.
Guterres elogiou as operações de transporte como "notáveis e inspiradoras", acrescentando que mais de 650.000 toneladas métricas de grãos e outros produtos alimentícios "já estão a caminho de mercados em todo o mundo".
"Ainda ontem, eu estava no porto de Odessa e vi em primeira mão o carregamento de uma carga de trigo em um navio. Fiquei tão emocionado vendo o trigo encher o porão do navio", disse ele. "Foi o carregamento de esperança para tantos ao redor do mundo."
Os comentários do secretário-geral foram ecoados por Akar, que observou que as exportações desimpedidas ajudariam a aliviar "a crise alimentar que afeta o mundo inteiro, especialmente [para] baixar os preços".
As entregas de trigo da Ucrânia foram interrompidas depois que a Rússia lançou sua operação militar especial no Estado vizinho no final de fevereiro. Os lados culparam um ao outro por causar a crise.
O acordo para desbloquear as exportações de grãos através do mar Negro foi assinado em negociações mediadas pela ONU em Istambul no final de julho e visa manter as rotas de trânsito seguras. O acordo também deve permitir que a Rússia entregue fertilizantes e produtos alimentícios aos mercados globais.
No entanto, no início desta semana, o Kremlin, comentando uma ligação entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo francês, Emmanuel Macron, observou que "persistem obstáculos para as [exportações] de grãos russos", o que tem um efeito adverso na segurança alimentar mundial.
Guterres abordou esse problema até certo ponto, reiterando que "é importante que todos os governos e o setor privado cooperem para trazer" alimentos e fertilizantes para os mercados. "Sem fertilizante em 2022, pode não haver comida suficiente em 2023", alertou. "Obter mais alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia é fundamental para acalmar ainda mais os mercados de commodities e baixar os preços para os consumidores."