"No ano passado, nós tivemos um período de seca realmente severo. E que acarretou uma crise energética, e por isso tivemos o leilão emergencial que contratou uma energia fóssil e suja de termelétricas por 44 meses. Mas, logo depois, tivemos um período com chuvas intensas, que elevaram os níveis de nossos reservatórios, e com isso a produção de energia ficou garantida. Então precisamos entender que essas crises hídricas que geram falta de energia são em decorrência das mudanças climáticas que estamos enfrentando. Resolver o problema energético utilizando termelétricas, que é uma energia suja e que lança gases de efeito estufa na atmosfera, piorando ainda mais as mudanças climáticas, não é a solução. Pelo contrário, só piora a situação", critica.
"Honestamente, não vejo qualquer benefício em uma energia tão cara e poluidora, e os custos são enormes. Por exemplo, para construir a linha de transmissão, foi necessário desmatar sete hectares de mangue e mata atlântica. Os manguezais da baía de Sepetiba armazenam de 400 a 500 toneladas de carbono por hectare. Então, claro que no momento que estamos vivendo, com alta emissão de gases do efeito estufa, é crucial a manutenção e restauração de mangues. Não só por isso, mas os mangues atenuam o impacto de ondas, retêm os sedimentos, são berçário da vida marinha, abrigam grande biodiversidade e são local de pesca para as populações locais. E o local também é rota de várias espécies de aves migratórias e ameaçadas de extinção. Além disso, as usinas termelétricas vão consumir e queimar diariamente um volume de mais de 3,1 milhões de metros cúbicos de gás natural", explica a professora da UERJ.