"O Brasil é um país muito importante no mundo. Historicamente, ele tinha desempenhado um papel importante para ser uma voz forte para apoiar a voz de todo o resto da América Latina. E essa voz fez falta. Esse guia que, no mundo, tinha sido uma postura muito importante do Brasil, tratando de incidir para que os países em desenvolvimento pudessem ter melhores oportunidades e que fossem escutados. E não vimos isso nos últimos anos", observou a alta comissária da ONU para direitos humanos.
É muito grave quando um chefe de Estado, com um discurso violento, incentiva aos seus apoiadores a manifestar contra o Judiciário, contra o sistema eleitoral. O Brasil é um país que, em geral, deu mostras que é um país que respeita, que tem eleições limpas e transparentes. Nunca foi questionado fundamentalmente por isso. Não se justifica esse tipo de crítica. Mas incentivar a marchar contra outro poder de Estado? Você pode discordar de um outro poder. Mas fazer isso não faz bem à democracia. Pode aumentar a violência, como já vimos em outras partes do mundo. Não se trata apenas de um discurso de uma pessoa. Depois há o meio social, os ataques contra indivíduos que podem ser físicos. E que gera um clima de violência que pode ser muito grave", condenou Bachelet.
"O que tampouco pode ocorrer é que um discurso de violência possa instigar a alguns atores, como a polícia, para que atuem de uma certa forma contra um candidato opositor. Isso não pode ocorrer. Eu faria um apelo para que todas as pessoas responsáveis, no governo ou não, todos os candidatos e partidos, possam realizar um processo eleitoral legítimo, de uma maneira serena. Mas fazendo todo o possível para evitar o discurso de ódio, evitando incitar a violência e evitando incitação aos outros problemas, como racismo e discriminação contra os mais pobres. Tratar de ser campanha democrática. E democrática quer dizer tudo isso junto", finalizou.