A inteligência da Alemanha está investigando dois altos funcionários do Ministério da Economia porque o ministro Robert Habeck suspeitou que eles fossem espiões russos, informou o portal Zeit nesta quarta-feira (31). A publicação descreveu a revelação como "explosiva" e tendo "os ingredientes de um escândalo político".
O jornal aponta que Habeck e seus assessores entraram em contato com as autoridades de segurança e contraespionagem citando "inconsistências em documentos internos" relacionados ao gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), gás natural em instalações de armazenamento, e o relatório sobre a segurança energética da Alemanha.
Segundo a publicação, os documentos "transpiravam entendimento" para o ponto de vista russo e os argumentos neles expostos "muitas vezes não correspondiam à linha oficial do governo".
A publicação enfatiza que os funcionários alegadamente "se desviaram" da posição de Habeck sobre a suspensão da certificação do Nord Stream 2, o status da Gazprom Alemanha, bem como o resgate do fornecedor de gás Uniper.
Ao verificar os funcionários, a contraespionagem alemã teria encontrado "anomalias biográficas", como uma viagem de estudo à Rússia em um caso e "proximidade emocional com a Rússia", mas nada mais substancial.
De acordo com o Zeit, "nenhuma evidência sólida foi encontrada" de espionagem ou corrupção. Não havia nenhuma causa provável para grampear seus telefones, ler seus e-mails ou colocar os dois funcionários sob vigilância.
A investigação ainda está em andamento, mas ambos os resultados potenciais significam problemas para o governo do chanceler Olaf Scholz.
Se Habeck estava certo e os dois homens são espiões do Kremlin, então a Rússia terá conseguido se infiltrar em um dos ministérios mais importantes de Berlim. Se ele estava errado, Scholz terá que explicar como foi enganado ao lançar uma caça às bruxas contra os funcionários públicos.