"Ele [Gorbachev] foi o melhor da geração mais jovem de membros do Partido Comunista que entendiam, como o [então] presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, a futilidade da Guerra Fria e a ameaça desnecessária do armagedom nuclear", disse Roberts, que serviu no governo Reagan.
Para ele, o ex-líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) também "entendeu que as repressões e as dificuldades dos anos soviéticos eram desnecessárias".
"Ele, com conselheiros, alguns dos quais eu conheci e entrei em discussões, tentou reformar o sistema soviético. Não há dúvida de que ele foi um grande homem e um líder sincero dos povos soviéticos", afirmou.
Então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Mikhail Gorbachev, e o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, durante cerimônia de encerramento de encontro de alto nível em Genebra, na Suíça, em 16 de novembro de 1985. Foto de arquivo
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O ex-oficial aponta que o ex-secretário de Estado James Baker "deu garantias a Gorbachev" de que, caso o ex-líder soviético permitisse a unificação da Alemanha, "a OTAN não se moveria um centímetro para o leste". "Não há dúvida sobre isso, apesar das negações dos neoconservadores americanos e dos funcionários do governo Clinton".
Gorbachev morreu em Moscou, aos 91 anos, nesta terça-feira (30), após "uma doença grave e longa", segundo o hospital no qual estava internado.
Sua morte gerou homenagens e lembranças de líderes mundiais, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin, o presidente dos EUA, Joe Biden, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
Não há informações claras sobre o real estado de saúde de Gorbachev nas semanas que antecederam sua morte. Porém, no início do verão russo, circularam rumores de uma rápida deterioração em seu estado de saúde, que foram refutados pela Fundação Gorbachev.
O presidente russo, Vladimir Putin, e o ex-presidente da URSS, Mikhail Gorbachev, durante um encontro no Kremlin, em 11 de de junho de 2002
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Mikhail Gorbachev governou a URSS durante os últimos sete anos de existência do país, até sua dissolução em 1991. Nesse período, o país atravessou seus momentos geopolíticos mais importantes.
Foi durante o governo de Gorbachev que a Guerra Fria chegou ao fim, tropas soviéticas foram retiradas do Afeganistão e a própria URSS colapsou, evento que resultou na queda do Muro de Berlim, em 1989. Ele é considerado o arquiteto da "Perestroika", o projeto de reforma política e econômica da URSS.