O porta-aviões São Paulo, que saiu do Brasil em direção à Turquia no começo de agosto, foi proibido de continuar sua viagem por autoridades britânicas quando chegou em Gibraltar.
De acordo com o jornal O Globo, o Reino Unido está preocupado com a quantidade de amianto que existe a bordo. A não ser que exista uma autorização para esse transporte junto à autoridade portuária, o navio não poderá entrar no estreito de Gibraltar, comunicou o governo britânico citado pela mídia.
A Turquia já havia, na sexta-feira (26), comunicado a proibição da entrada do porta-aviões no país pelo mesmo motivo, em seguida, o IBAMA suspendeu a autorização para exportação. Um ofício da Diretoria de Qualidade Ambiental do IBAMA, ao qual o jornal teve acesso, determinou que o navio volte ao país, sob risco de se ficar caracterizado "tráfico ilegal".
O porta-aviões São Paulo, antes da Marinha do Brasil, deixa a baía de Guanabara pela última vez, em direção à Turquia, sendo puxado pelo rebocador holandês Alp Centre, em 4 de agosto de 2022
© Folhapress / Charles Sholl
Os britânicos foram avisados da navegação perigosa do porta-aviões através de ONGs brasileiras que entraram em contato com a organização norte-americana Environmental Safety Group, de defesa do meio ambiente.
De acordo com informações do inventário feito no porta-aviões, haveria 9,6 toneladas da substância cancerígena a bordo, mas ativistas e fontes dizem que a quantidade pode ser significativamente maior.
Segundo os monitoramentos on-line, o porta-aviões está atualmente próximo de Casablanca, na costa do Marrocos, a caminho do estreito de Gibraltar, na entrada do mar Mediterrâneo. A velocidade da viagem, que está sendo feita por uma rebocadora holandesa, já foi diminuída, mas o navio ainda não mudou de rota.
A proibição britânica se soma a mais um capítulo da grande história que está sendo a navegação do porta-aviões até a Turquia, país que, através do estaleiro turco Sok, o adquiriu no ano passado pelo valor de R$10,5 milhões.
Antes de deixar o Brasil, se tentou através de uma liminar, que a embarcação voltasse ao país a partir do momento que o leilão da Marinha realizado em 2021 para sua venda aconteceu repleta de irregularidades segundo o Instituto São Paulo/Fochs.
No entanto, por já estar em águas internacionais, a Justiça alegou que não poderia atuar e, portanto, o porta-aviões seguiu seu rumo, conforme noticiado.
A embarcação, com 266 metros de comprimento e 32,8 mil toneladas, foi comprada da França pelo Brasil nos anos 2000 e navegou apenas 206 dias em águas brasileiras. Quando ainda pertencia a Paris, esteve em frentes de batalha na África, no Oriente Médio e na Europa.