Panorama internacional

Truss manterá sanções à Rússia, apesar da ineficácia da política, acredita especialista

Especialista em Relações Internacionais consultado pela Sputnik Brasil afirma que a nova primeira-ministra tem mais "capital político" que Boris Johnson para governar, mas lembra que o país tem "tradição diplomática em se aliar aos Estados Unidos" e não deve alterar sua política externa.
Sputnik
A nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, eleita ao cargo nesta segunda-feira (5), chega ao poder prometendo reconduzir a economia do país aos trilhos.
Em discurso, a substituta de Boris Johnson afirmou que seu governo terá "uma atitude ousada" em "tempos difíceis" para impulsionar a economia britânica.
Em discurso, ela garantiu que implementará políticas para enfrentar os altos preços das contas de luz e reduzir impostos.
Truss foi eleita com 81.326 votos de seus correligionários no Partido Conservador, superando os 60.399 do ex-ministro das Finanças Rishi Sunak. A ex-secretária de Relações Exteriores será a terceira primeira-ministra da história do Reino Unido.
A situação econômica somada à crise política no Reino Unido devido a escândalos durante seu mandato obrigaram o ex-primeiro-ministro a renunciar. Apesar de não ter uma tarefa simples, Truss ao menos conta com mais apoio do Partido Conservador que Johnson para tentar governar.
Em Liverpool, na Inglaterra, a então secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, agora primeira-ministra, discursa durante encontro do G7, em 12 de dezembro de 2021. Foto de arquivo
A Europa convive com uma escalada dos preços de energia desde que o Ocidente intensificou a aplicação de sanções à Rússia devido à operação militar especial na Ucrânia. As restrições afetam a importação de combustíveis russos, como o gás e o petróleo, fundamentais para sustentar a energia de países europeus.
Para o professor de relações internacionais Christopher Mendonça, do Ibmec Belo Horizonte, a troca no comando do governo "era essencial". Ele aponta que o "grande desgaste público" do ex-primeiro-ministro o impedia de convencer seus pares com seus projetos, principalmente na área econômica.
"Johnson teve um papel importante desempenhado no país, mas não teria mais condições de seguir no cargo. Neste sentido, a eleição de Liz Truss foi muito positiva. Ela também é do Partido Conservador e deverá manter alguns aspectos empreendidos pelo seu antecessor", indicou Mendonça.
Segundo ele, a nova primeira-ministra tem experiência administrativa por ter passado por diversos cargos de governo, além de "reunir capital político para conduzir o país em um momento de crise doméstica e internacional".

Não deve haver mudança de posição com relação à Ucrânia

Truss era secretária de Relações Exteriores desde 2021 e ministra para Mulheres e Igualdades desde 2019. Ela atuou em diferentes funções nos gabinetes dos ex-primeiros-ministros David Cameron, Theresa May e Boris Johnson.

"Entre os pontos fortes do seu discurso está a redução de impostos e a solvência da crise econômica que afeta o país. Truss é economista de formação e ocupou cargos importantes em governos anteriores. Há muita expectativa em torno de um discurso que se compromete com a resolução dos problemas econômicos do Reino Unido", afirmou o professor de relações internacionais.

A ex-secretária de Relações Exteriores britânica e agora primeira-ministra, Liz Truss, à esquerda, se reuniu com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken (que não aparece na foto), em 20 de setembro de 2021. Foto de arquivo
Para ele, porém, a nova primeira ministra não deverá dar um giro na posição britânica em relação ao conflito na Ucrânia.

"É importante lembrar que houve a mudança do chefe de governo, mas que o partido de ambos é o mesmo", acredita Mendonça.

Ele recorda ainda que o Reino Unido "tem tradição diplomática em se aliar aos Estados Unidos".

"Tenho reiterado que os resultados das sanções econômicas não têm sido positivos até o momento. A crise de preços no setor energético europeu é resultado não apenas do contexto de guerra, mas do comportamento das principais economias europeias em pressionar a Rússia, que é um país muito importante no que se refere à oferta de energia", disse.

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