Levantamento feito pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) aponta que 67,5% dos brasileiros sentem algum medo de sofrer agressão por motivação política. Esse percentual equivale a cerca de 113,4 milhões de brasileiros.
Os que têm muito medo são 49,9%, enquanto 17,6% afirmam ter pouco medo. Apenas 32,5% não têm esse temor.
O medo de sofrer ameaças diante do cenário posto pelas eleições de 2022 também é alto: 62,6% afirmam estar muito ou pouco preocupados com isso.
A pesquisa descobriu ainda que 3,2% dos entrevistados foram ameaçados em razão de suas escolhas políticas. O percentual representa cerca de 5,3 milhões de brasileiros.
"O aumento do porte e posse de armas de fogo por cidadãos e os recentes acontecimentos envolvendo violência letal entre civis por razões políticas são algumas das razões que demonstram a atualidade do problema da violência político-partidária", aponta o estudo.
O clima de hostilidade na eleição brasileira deste ano já é evidente, com candidatos sendo vítimas de ameaças com arma de fogo e casos de assassinatos por motivação política. No dia 7, quando se celebrou o Bicentenário da Independência do Brasil, um apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi assassinado por um militante do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Mato Grosso. O autor do crime deu 15 facadas na vítima e tentou decapitá-la com um machado.
Para evitar mais tensionamento no dia das eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu suspender decretos do presidente Jair Bolsonaro que flexibilizaram a compra e o porte de armas. A decisão foi dada em liminar do ministro Luiz Edson Fachin, que destacou que o aumento da violência política tornou necessária a medida.
"Conquanto seja recomendável aguardar as contribuições, sempre cuidadosas, decorrentes dos pedidos de vista, passado mais de um ano e à luz dos recentes e lamentáveis episódios de violência política, cumpre conceder a cautelar a fim de resguardar o próprio objeto de deliberação desta Corte. Noutras palavras, o risco de violência política torna de extrema e excepcional urgência a necessidade de se conceder o provimento cautelar", disse na ocasião.