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Bolsonaro torna a acusar TSE de realizar contagem de votos em sala-cofre

Em entrevista, presidente diz que Forças Armadas pretendem colocar técnicos dentro de "sala secreta" do TSE. Existência da sala já havia sido negada pelo tribunal em maio.
Sputnik
Faltando pouco mais de uma semana para as eleições presidenciais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu uma entrevista ao apresentador Sikêra Junior, da TV A Crítica, na qual tornou a citar a sala-cofre na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde, segundo ele, seriam realizadas as contagens de voto.

"Segundo informações que eu tenho aqui, as Forças Armadas pretendem colocar técnicos deles dentro da sala-cofre do TSE, uma sala aqui que ninguém sabe o que acontece lá dentro, assim como a Polícia Federal parece que vai fazer a mesma coisa e a Controladoria-Geral da União também deve fazer a mesma coisa. Entendo que a chance de desvio de corrupção diminui bastante. Não zera. Zeraria com o voto impresso", disse o presidente.

A existência de uma sala secreta, no entanto, já foi negada pelo TSE, em maio, na página criada no site do órgão para desmentir boatos e informações distorcidas. Na ocasião, o órgão informou que uma nova versão de uma peça de desinformação antiga, criada nas eleições de 2014, voltou a circular neste ano nas redes sociais.
A peça distorce uma reportagem feita à época que mostrava um grupo em uma sala do TSE. De acordo com o órgão, o grupo filmado na reportagem eram técnicos do tribunal, "que monitoravam os sistemas que recebem os Boletins de Urna (BUs) para garantir que todos os equipamentos funcionassem de forma adequada".
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O órgão destacou que não existe uma "sala secreta" para contagem de votos e que a publicação foi feita no intuito de atacar a credibilidade do tribunal e sugerir manipulação no pleito de 2014.
O TSE ressaltou ainda que a contagem é feita por meio dos BUs que são emitidos em cada sessão eleitoral após o fim da votação.
"Vale lembrar que os resultados de uma eleição podem ser conhecidos antes mesmo da totalização, pelo Boletim de Urna (BU), emitido pelo mesário ao final da votação e divulgado nas seções eleitorais e no Portal do TSE. Em 2022, os BUs também ficarão disponíveis on-line, em tempo real, para conferência do público ao longo de todo o período de recebimento dos dados pelo tribunal", destacou o órgão.
Há meses, Jair Bolsonaro vem adotando a estratégia de lançar dúvidas sobre o processo eleitoral. Primeiro o presidente insistiu na implementação de um sistema de voto impresso, que, segundo analistas consultados pela Sputnik Brasil, não poderia ser feito em tempo hábil para as eleições atuais. Ademais, segundo os mesmos analistas, o modelo atual já é passível de ser auditado.
Em seguida, Bolsonaro passou a exigir a presença das Forças Armadas em uma espécie de apuração paralela, o que seria inédito para a democracia brasileira. Em julho, o ex-embaixador dos EUA no Brasil Thomas Shannon disse acreditar que a campanha do presidente tenta emular a estratégia adotada em 2020 por Donald Trump, de justificar uma eventual derrota acusando fraude nas eleições.
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