Panorama internacional

Mídia: transferência da embaixada do Reino Unido para Jerusalém prejudicará interesses britânicos

A primeira-ministra britânica Liz Truss expressou a vontade de transferir a embaixada do Reino Unido de Tel Aviv a Jerusalém, o que violará o consenso internacional estabelecido, acredita colunista do The Guardian.
Sputnik
Há muito a sociedade palestina tem culpado o Reino Unido dos seus problemas, com a decisão de Truss podendo provocar a escalada de uma antiga crise, diz autor da publicação.
Após a Guerra dos Seis Dias de 1967, todos os governos britânicos, até o gabinete de Boris Johnson, mantiveram um posicionamento consecutivo quanto ao conflito israelo-palestino. Contudo, hoje em dia a nova primeira-ministra do país, Liz Truss, planeja transferir a embaixada do Reino Unido de Tel Aviv a Jerusalém, contrariando o consenso internacional, comunica a edição The Guardian.

"É provável que a saída da União Europeia tenha libertado as mãos de Londres e que agora a reação dos palestinos não a preocupe. Em todo o caso, Truss devia se preocupar mais com a posição global do país, já que o passo escolhido pode influenciá-la de forma direta. Antes de Truss, apenas um político recorreu a tal decisão provocativa – o ex-presidente norte-americano Donald Trump."

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A recusa dos países de colocar as suas embaixadas em Jerusalém explica-se pelo desejo de reconciliação entre Israel e a Palestina e corresponde ao direito internacional e a todas as resoluções da ONU aprovadas ao longo das últimas décadas. A comunidade internacional apela para pôr fim à ocupação israelense da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, que, na opinião de muitos, deve ser capital do futuro Estado palestino, diz a publicação.
Apesar de ter declarado incessantemente o seu desejo de seguir políticas de "dois Estados para dois povos", o primeiro-ministro israelense Yair Lapid na realidade quer que Israel obtenha a soberania sobre Jerusalém Oriental e o rio Jordânia, enquanto estas condições não são as que possam ser aceitas pelos palestinianos no âmbito de possíveis condições, supõe o autor do artigo.
Se a embaixada britânica, na verdade, for transferida, teremos de nos esquecer da ideia sobre a existência de uma capital para dois Estados. A ideia foi apoiada pelos líderes israelenses do passado. Além disso, tal abordagem parcialmente impediu as tentativas de nacionalistas judeus de construir ilegalmente novas povoações na Cisjordânia e em outros territórios palestinos.
"Embora Truss goste de se apresentar como 'herdeira' de Margaret Thatcher, é impossível imaginar que esta tenha tratado o antigo conflito de maneira tão superficial", segue a publicação.
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Acrescenta-se que o papel histórico do Reino Unido no Oriente Médio coloca perante o país a responsabilidade de conquistar a justiça para os palestinos. Estes, por sua vez, culpam pelos seus graves sofrimentos a Declaração Balfour de 1917, que prometeu "a casa nacional para o povo judeu".
É provável que Truss queira contar com o fechamento rápido do acordo comercial com Israel e a vitória de Lapid nas eleições, mas a coisa mais importante é outra: apenas uma declaração dela prejudicou de forma séria os interesses britânicos a longo prazo. Será possível compensar os danos causados apenas caso o atual governo britânico recuse a ideia sobre a transferência da embaixada para Jerusalém, conclui o colunista.
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