"Não creio que tenha tido uma grande mudança no mapa dos estados. [Tivemos] reeleição em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, segundo turno com o ex-governador [Eduardo Leite] no Rio Grande do Sul. Santa Catarina acho que talvez surpreenda um pouco a chegada do PT no segundo turno. Na Bahia, duas forças muito tradicionais (União Brasil e PT) [no segundo turno]. PT [ganhando] no Ceará. [Além da] força do Flávio Dino no Maranhão, a força dos governadores estaduais que estavam buscando a reeleição... Então acho que não dá para perceber uma grande mudança", disse o especialista à Sputnik Brasil.
São Paulo, estado-chave da eleição
"Talvez o mais significativo de tudo seja a derrota do PSDB, especialmente a derrota do PSDB em São Paulo, que era ainda um grande reduto do partido no Brasil, e uma diminuição do partido em todo o território nacional. O PSDB encolheu bastante. Desde 2014 já vinha passando pelo processo de encolhimento, e se consolida agora com essa eleição e a derrota do PSDB em São Paulo."
"Bolsonaro conseguiu puxar o Tarcísio muito bem. A chapa dos dois funcionou muito bem em São Paulo. O desempenho do Haddad não ficou muito distante daquilo que muitas pesquisas indicavam. É uma disputa central. É o estado com o maior número de eleitores, importantíssimo para a eleição presidencial. Entendo que o Alckmin, como companheiro de chapa do Lula, deva trabalhar no sentido de levar o PSDB a apoiar a candidatura do Fernando Haddad. Agora, há um embate histórico no estado de São Paulo entre PT e PSDB, muitas pontes queimadas, mas o PSDB encolheu muito. O PSDB vai adotar uma subordinação ao bolsonarismo ou uma aproximação ao PT? Acho que não dá para responder isso neste momento. [...] Sinceramente, não acredito que vai haver essa adesão formal do PSDB ao candidato Fernando Haddad, não, mas também é só especulação."
O que farão Zema e Cláudio Castro?
"Apesar de haver o voto Lula–Zema, o Zema é um candidato muito mais identificado com o Bolsonaro, então o Zema puxou o Bolsonaro em Minas Gerais. Assim como no Rio o Castro puxou o Bolsonaro. Ao mesmo tempo, tanto [Alexandre] Kalil quanto [Marcelo] Freixo, em Minas e no Rio de Janeiro, não tiveram força suficiente. Eu chego a acreditar até que tenham funcionado mais como uma âncora para o Lula nesses estados. Lula não conseguiu avançar por conta da disputa pelo governo estadual. Agora, no segundo turno, esses dois políticos estão fora da disputa."