A secretária do Interior do Reino Unido, Suella Braverman, acusou os "rebeldes" do Partido Conservador de tentarem encenar um golpe e "minar" a confiança na primeira-ministra Liz Truss "de maneira não profissional", após a reviravolta do governo em seu plano de cortes no miniorçamento para eliminar uma alíquota do imposto de renda de 45% que incide sobre os mais ricos, algo que The Guardian descreveu como "guerra aberta" no gabinete da primeira-ministra.
Em entrevista ao Telegraph, Braverman também destacou que ficou "decepcionada" com a decisão do governo de voltar atrás no pacote.
A secretária do Interior foi apoiada pelo secretário de Estado do Nivelamento, Habitação e Comunidades Simon Clarke, um aliado próximo de Truss, que afirmou que "Suella fala [com] muito bom senso, como sempre".
A secretária de Comércio, Kemi Badenoch, no entanto, atacou Braverman por causa de seus comentários, dizendo que não acha necessário que os parlamentares falem sobre golpes.
"Acho que esse tipo de linguagem é inflamatório demais. As pessoas devem poder mudar de ideia sem que o mundo acabe", afirmou Badenoch.
Uma série de parlamentares de bancada, incluindo Simon Hoare e Steve Double, deixaram claro que estavam apoiando seus eleitores se opondo à abolição da alíquota de imposto de renda de 45%.
"Fazer o que acreditamos ser certo para nossos eleitores não é 'um golpe' ou pouco profissional. Isso se chama fazer nosso trabalho como parlamentares de bancada. Se esta é a abordagem do gabinete, estamos em um momento difícil", argumentou Double, enquanto Hoare insistiu que "representar os eleitores não é um golpe".
As observações surgiram logo após Truss dizer à Sky News na terça-feira que não havia "absolutamente nenhuma vergonha" na desistência do governo de abolir a alíquota do imposto de renda mais alta. Ela alegou que a eliminação da taxa de 45% paga sobre a renda acima de £ 150 mil (cerca de R$ 883,3 mil) por ano mostrou que o governo estava ouvindo as preocupações das pessoas comuns.
Isso ocorreu depois que o chanceler do Tesouro Kwasi Kwarteng admitiu em seu discurso durante a Conferência do Partido Conservador que seu miniorçamento, anunciado no dia 23 de setembro, havia causado "um pouco de turbulência", acrescentando que o governo iria forjar um novo acordo para ajudar a garantir o crescimento econômico no país.
O chanceler que apresentou o miniorçamento desencadeou uma reação dos parlamentares conservadores em meio à turbulência financeira enfrentada pelo Reino Unido, com queda recorde da libra desde 1971 e os credores hipotecários fechando uma série de negócios importantes.