A apreensão ocorre às vésperas das eleições de meio de mandato, em 8 de novembro, em que são escolhidos os congressistas federais e estaduais do país. Elas são chamadas assim porque ocorrem na metade do mandato presidencial e funcionam como uma espécie de chancela ao chefe do Executivo norte-americano. Há, portanto, a expectativa de que as menções ascendam novamente devido ao pleito.
De acordo com a reportagem, somente no Twitter, as publicações com menção a "guerra civil" dispararam 3.000% em questão de horas após a batida na mansão de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, em busca de documentos sigilosos que ele teria levado quando seu mandato na Casa Branca se encerrou.
O movimento repentino foi visto em outras redes sociais, como Facebook (plataforma pertencente à empresa extremista Meta, banida no território da Rússia), Telegram, Reddit, Parler, Gab e Truth Social, esta última criada pelo próprio presidente quando ele foi expulso das plataformas mais populares.
Segundo uma empresa de monitoramento de mídia chamada Critical Mention, as menções a "guerra civil" mais que dobraram em programas de rádio e podcasts.
A preocupação dos pesquisadores é que o movimento normalize, de alguma forma, a violência política, que parte dos norte-americanos vê com bons olhos.
"O que vemos aqui é uma narrativa antes limitada aos campos radicais, mas que hoje está em um lugar central no diálogo político", afirmou o professor de ciências políticas na Universidade de Chicago e fundador do Projeto Chicago sobre Segurança e Ameaças, Robert Pape.
Algumas semanas depois das buscas, as publicações voltaram à tona e dispararam após o presidente Joe Biden dizer que Trump e republicanos que usam o slogan MAGA (acrônimo em inglês de "Make America Great Again", "Façam os EUA grandes novamente") eram uma ameaça "às próprias fundações da nossa república", em um discurso sobre democracia na Filadélfia.
Brian Gibby, um especialista de dados independente em Charlotte, disse em uma newsletter após o discurso de Biden que acreditava que uma "guerra civil havia começado".
"Nunca vi um discurso mais divisivo e cheio de ódio de um presidente americano", escreveu.
Ao jornal, ele declarou que achava que Biden "elevava o tom de um conflito quente nos EUA".
Acrescentou também que se preocupava com a hipótese de que algo acontecesse perto das eleições de novembro, "similar ao 6 de janeiro [de 2021, quando houve a invasão do Capitólio por partidários de Trump], mas bem mais violento", com grupos armados de republicanos e democratas entrando em confronto.