Panorama internacional

Bloomberg: Berlusconi culpa Zelensky por operação russa na Ucrânia

O italiano Silvio Berlusconi disse aos legisladores do país que o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, empurrou o presidente russo Vladimir Putin para uma guerra sem fim, segundo áudio obtido por uma agência de notícias italiana.
Sputnik
De acordo com a Bloomberg, a gravação obtida pelo jornal LaPresse lança mais luz sobre as pressões para suavizar a posição da Itália em relação à Rússia na coalizão de direita que venceu as eleições em 25 de setembro. Sua publicação segue a de outra gravação, aparentemente da mesma reunião com parlamentares, em que Berlusconi teria contado como renovou seus laços com Putin.
As declarações ocorrem enquanto a líder de direita Giorgia Meloni luta para chegar a um acordo sobre cargos no gabinete com Berlusconi e outros aliados. Ela prometeu não mudar a postura pró-Ucrânia da Itália e disse que apoia o envio de armas e ajuda para a Ucrânia.
Em comunicado na quarta-feira (19), comentando as declarações de Berlusconi, Meloni disse que não vai aceitar qualquer ambiguidade na política externa caso venha se tornar primeira-ministra.
A Rússia lançou uma operação militar especial na Ucrânia em fevereiro depois de ter recebido pedidos de ajuda das repúblicas populares do Donbass, após inúmeras tentativas de diálogo de Moscou para com Kiev, aumentando assim as tensões com seu vizinho.
No áudio, Berlusconi, 86, pode ser ouvido dizendo que Putin não queria ir à guerra, mas foi pressionado a fazê-lo por causa dos contínuos ataques da Ucrânia contra independentistas apoiados pela Rússia no Donbass.
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Após sua eleição, Zelensky "triplicou os ataques" contra as repúblicas independentistas, segundo Berlusconi, e Putin interveio para substituí-lo por um governo "já formado por uma minoria ucraniana, formada por pessoas honestas e sensatas".
"Ele entrou na Ucrânia e encontrou uma situação que não poderia prever, de resistência dos ucranianos que começaram a receber dinheiro e armas do Ocidente no terceiro dia", disse Berlusconi. "Então, em vez de ser uma operação de duas semanas, a guerra se tornou uma luta de mais de 200 anos."
No primeiro áudio, publicado na terça-feira (18), Berlusconi expressou preocupação com a ajuda da Itália à Ucrânia e disse que Putin lhe enviou vodka e uma carta em seu aniversário. No mesmo dia, em declarações transmitidas na televisão nacional, o presidente da Câmara dos Deputados, Lorenzo Fontana, conhecido por suas opiniões pró-Putin, disse que as sanções contra a Rússia poderiam ter um "efeito bumerangue".
Ainda na terça-feira, o partido de Berlusconi, Forza Italia, negou que ele tenha renovado contato com Putin e disse que sua posição em relação à Ucrânia está "em consonância" com a da Europa e dos EUA.
Na quarta-feira, Berlusconi tentou se justificar através de um comunicado em que reitera seu compromisso com a Europa e com parceiros ocidentais, incluindo os EUA, dizendo que tal compromisso sempre esteve "na base do meu trabalho como líder político e homem de governo", alegando que seus comentários foram retirados do contexto.
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