Eleições 2022

'Ninguém estava preparado': Lula acusa Bolsonaro de montar 'máquina poderosa de contar mentira'

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) de fazer uso de uma "máquina poderosa de contar mentira". O petista atribuiu a isso a melhoria dos índices de Bolsonaro nas pesquisas no segundo turno. Aliados de Lula dizem que o presidente promove uma "compra do processo eleitoral".
Sputnik
Diante do acirramento da disputa eleitoral no segundo turno, Lula admitiu em coletiva de imprensa que a pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (19) serviu como um "alerta" para sua campanha. O levantamento mostrou uma redução da vantagem do ex-chefe de Estado sobre o atual. Na pesquisa espontânea, a diferença caiu pela metade — de 6 pontos para 3.
Lula atribuiu a recuperação de Bolsonaro, que inclui a diminuição do índice de rejeição do atual presidente, a uma "máquina poderosa de contar mentira".

"Nosso adversário tem uma máquina poderosa de contar mentira. Não é pouca coisa a rede que usa para vender monstruosidade e para se explicar. [...] É muito difícil a gente competir com robôs. [...] Ninguém estava preparado para enfrentar a monstruosidade de uma rede monstruosa. O cara é um mentiroso muito profissional", disse o ex-presidente.

Após admitir que "Bolsonaro está ganhando ponto muito lentamente", o ex-presidente disse que seguirá com sua estratégia. O petista pretende fazer duas agendas públicas por dia até o fim da campanha. Nesta quinta-feira (20), participa de caminhadas em São Gonçalo (RJ) e na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ).
Nesse sentido, Lula disse que não pretende "entrar no lamaçal que ele [Bolsonaro] quer nos jogar".
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O ex-presidente também comentou as decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre direitos de resposta na propaganda de TV. Lula terá direito a usar 184 inserções de TV de Bolsonaro para se defender, enquanto o atual presidente ganhará 14. Com isso, Lula terá 395 inserções na reta final de campanha e Bolsonaro ficará com apenas 55.
O tribunal ainda determinou a abertura de investigação sobre uma suposta rede de desinformação que seria comandada pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da República.

"Para nós foi muito importante a decisão de tirar o tempo de mentiras do Bolsonaro da televisão. O Poder Judiciário existe para isso. Quando se sente ofendido, atacado, a gente vai para a Justiça", avalia.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também participou da coletiva e afirmou que a campanha de Bolsonaro promove uma "avalanche de mentiras, avalanche de fake news". A deputada federal criticou um vídeo divulgado por um pastor aliado de Bolsonaro em que ele inventa uma decisão do TSE fingindo ter sido censurado.

"Isso nunca aconteceu. É uma coisa louca. Tem compra de votos, tem patrão pressionando as pessoas. Tem que se tomar medidas", afirma a deputada, que enxerga uma "sangria nos recursos do Estado brasileiro". "É uma compra do processo eleitoral que [Bolsonaro] está tentando fazer", aponta.

O ex-presidente Lula participa de coletiva de imprensa no Rio de Janeiro com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o presidente do Psol, Juliano Medeiros, no dia 20 de outubro de 2022
A Sputnik Brasil tentou contato com a presidente do PT após a coletiva para saber qual a avaliação do partido sobre a atuação do TSE para coibir possíveis casos de abuso de poderes político e econômico, mas não obteve retorno.
Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil recentemente acreditam que há uma certa ineficácia da Justiça Eleitoral em coibir o uso da máquina pública para propaganda eleitoral.
Para Alberto Rollo, advogado especialista em direito eleitoral e membro da Comissão de Direito Eleitoral da seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o tribunal não tem conseguido frear práticas do governo Jair Bolsonaro que possam favorecê-lo eleitoralmente em sua busca pela reeleição.
"Até agora o TSE não agiu para coibir a PEC das Bondades, a concessão de redução de impostos, empréstimos e renegociação [de dívidas] em banco oficial etc. Tudo em ano eleitoral, contra a lei. É verdade que a esta altura já é tarde, mas o TSE tem que agir em todas as frentes, não só no combate às fake news e à desinformação", apontou o advogado em entrevista.
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