"O que vejo de positivo, além da vitória de Lula que se aproxima, é o crescimento do campo progressista, da esquerda em geral, que está aprendendo a responder com dignidade a essa extrema-direita, principalmente pelas redes sociais", diz ele, que desistiu de concorrer à Presidência e optou pelo apoio ao candidato petista. "Se antes corríamos atrás deles, do que eles ditavam como diretriz e do que tinha que ser discutido, hoje a coisa se inverteu. Somos nós, por exemplo, que estamos dizendo hoje que Bolsonaro quer reduzir os valores reais do salário mínimo. E é ele quem tem que ir às redes sociais e à televisão para discutir isso. Acho que é a primeira vez que estamos entendendo que o foco é quem orienta quem", prossegue.
"Tem muita gente que hoje está do lado do ex-presidente Lula e que discorda dele em praticamente tudo do ponto de vista programático, econômico e ideológico, mas está com Lula para poder continuar discordando, para que a política, o debate, continuem, e essa é a essência da democracia", responde quando questionado sobre o apoio arrecadado pelo ex-metalúrgico após o primeiro turno.
"Não é que dormimos tendo uma democracia e acordamos tendo uma ditadura. A instalação de um regime ditatorial tem etapas e o golpe já começou, a prova está acontecendo: nos últimos dias Bolsonaro, diante de uma derrota óbvia, tenta para criar fatores, notícias falsas, para atrapalhar o processo eleitoral", afirma.
Redes e política
"Os princípios democráticos não são compatíveis com a lógica das redes sociais, porque a democracia prevê debates, discussões, e os processos ditatoriais não: mandam compartilhar isso agora, e aquilo é mentira para todos", diz.
"Independentemente do resultado de domingo e além da grande vitória de Lula, seria uma ilusão acreditar que o bolsonarismo morre no dia 30 de outubro. O bolsonarismo, infelizmente, continuará vivo e as consequências dos danos que causaram à democracia levarão algum tempo, anos para desaparecer. Vamos ter que continuar esse trabalho nas redes sociais, na Câmara dos Deputados, no Senado, na sociedade, para resgatar a verdade e fortalecer a democracia", conclui.