"A política de armas nucleares dos Estados Unidos alimentará uma corrida armamentista nuclear e colocará em risco a paz e a estabilidade", alertou o Ministério das Relações Exteriores da China nesta sexta-feira (28).
As declarações foram feitas pelo porta-voz Wang Wenbin. Segundo apuração da agência Xinhua, ele fez críticas específicas à Revisão da Postura Nuclear (NPR, na sigla em inglês) divulgada ontem (27) pelo Pentágono.
No entendimento do chanceler chinês, "os EUA pretendem usar armas nucleares como um instrumento para promover objetivos geopolíticos e ir totalmente contra a expectativa internacional de prevenir uma guerra nuclear".
"A política dos EUA reflete sua lógica hegemônica de buscar a superioridade militar absoluta, o que estimulará uma corrida armamentista nuclear", denunciou Wang, que também abordou a presença nuclear dos EUA no Pacífico Sul e as acusações de Washington contra a China.
"Ao fortalecer o papel das armas nucleares em sua política de segurança nacional e reduzir o limite para seu uso, os EUA se tornaram cada vez mais uma fonte de risco de conflito nuclear", disse o diplomata.
Na NPR, o Departamento de Defesa dos EUA identificou a China como o maior desafio de segurança norte-americano. Além disso, o documento questionou o alcance, o ritmo e a falta de transparência na expansão nuclear chinesa.
A revisão concluiu que um aumento da capacidade nuclear permitiria a Pequim "adotar uma gama mais ampla de estratégias para atingir seus objetivos, incluindo coerção nuclear e primeiro uso nuclear limitado".
Em resposta, recomendou uma "estratégia de dissuasão flexível e postura de força" adaptada para combater a China, incluindo a implantação de ogivas de mísseis balísticos lançados por submarinos W76-2 de baixo rendimento, bombardeiros globalmente implantáveis e aviões de combate de capacidade dupla".
O relatório do Pentágono sugeriu o fortalecimento de alianças com Coreia do Sul, Japão e Austrália "para garantir uma combinação eficaz de capacidades, conceitos, desdobramentos, exercícios e opções personalizadas para impedir e, se necessário, responder à coerção e agressão".
Wang defendeu o desenvolvimento nuclear da China como "modernização nuclear normal" e disse que o relatório faz acusações infundadas. Os EUA estão "descaradamente adaptando sua estratégia de dissuasão nuclear para atingir a China", afirmou.
Wang disse que os EUA, como donos de um dos maiores arsenais nucleares do mundo, estão continuamente atualizando suas "tríades" nucleares — forças de ataque nuclear terrestres, marítimas e aéreas — e foram seletivos na promoção de uma agenda internacional de controle de armas nucleares para suprimir seus adversários.
A China criticou repetidamente os planos dos EUA e do Reino Unido para ajudar a Austrália a adquirir submarinos movidos a energia nuclear como uma violação dos acordos de não proliferação nuclear e tentou bloquear o acordo por meio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).