Após a campanha do presidente ter acusado algumas emissoras de terem veiculado menos propagandas suas do que de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Folha de S.Paulo publicou que uma das rádios em que houve a suposta fraude é do pai do ministro.
Faria e o marqueteiro Fabio Wajngarten, da campanha de Bolsonaro, convocaram entrevista na segunda-feira (24) para apresentar a denúncia. A rádio, do Rio Grande do Norte, é citada no documento, entregue no dia seguinte pelo PL ao TSE.
Usando argumentos frágeis e contestados pelas próprias emissoras, o documento sustenta que, de um total de 1.122 emissoras na região Nordeste, 991 rádios (88,3%) teriam veiculado mais inserções do petista.
A Agreste, que tem entre seus sócios o ex-governador do Rio Grande do Norte Robinson Faria (PL), pai do ministro, está entre elas.
Robinson se elegeu deputado federal pelo partido de Bolsonaro neste ano e é um dos principais cabos eleitorais do presidente no estado.
Outras 94 rádios (8,4%), segundo a campanha, teriam transmitido mais inserções de Bolsonaro na programação.
As 37 (3,3%) restantes teriam exibido o conteúdo eleitoral de forma igualitária. No segundo turno, os candidatos têm direito a 25 inserções diárias no rádio de 30 segundos cada.
Os dados foram compilados pela Audiency, empresa contratada para fazer o levantamento de veiculação dos programas, que serviu de base à acusação feita no tribunal pela campanha de Bolsonaro.
O ministro Fábio Faria alega que embora seu pai seja "um dos sócios dessa rádio", quem comanda a emissora é Cid Arruda, "que foi prefeito da cidade pelo PSB", disse o ministro.
Acusação sem provas
O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, decidiu na quarta-feira (26) rejeitar a ação proposta pela campanha bolsonarista sobre o suposto boicote de emissoras. Moraes afirmou que Bolsonaro não apresentou provas e se baseou em um levantamento feito por empresa não especializada em auditoria.
Ele identificou possível "cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o pleito" e mandou o caso para apuração no inquérito das milícias digitais (grupos organizados na Internet para ataques às instituições e à democracia), que tramita sob sua responsabilidade no Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente criticou Moraes, mas ainda não recorreu.