Centenas de empreendedores da Bélgica, Índia, Itália, Rússia e outros países, além de funcionários governamentais da Rússia e do Azerbaijão, o país anfitrião, se reuniram no 15º Fórum Econômico Eurasiático em Baku.
O local do evento empresarial, realizado durante dois dias, foi escolhido devido à posição estratégica do Azerbaijão entre o Oriente e o Ocidente, que permite manter o diálogo empresarial em meio à turbulência entre os países ocidentais e a Rússia. O fórum é realizado pela primeira vez desde 2004 e discutiu as finanças, meio ambiente, energia e inovação, além da economia. Ele foi organizado pelo governo do Azerbaijão, o Roscongress da Rússia e a associação italiana Conoscere Eurasia.
Andrea Romani, um profissional de construção que já trabalhou em Itália e que mais tarde se juntou à companhia russa do setor Incomstroy como diretor-executivo, demonstrou sua satisfação com o evento.
"Basicamente, este fórum é uma oportunidade muito boa de se ter, e para relembrar os contatos deste ano. É claro que é um formato um pouco diferente, mas ontem encontrei duas possíveis novas oportunidades de negócios, e também alguns subcontratados que poderiam ser úteis em nossos negócios", comentou o empresário.
A Incomstroy está atualmente trabalhando em projetos de construção em Moscou e na república de Altai, no norte da Sibéria. Segundo Romani, as sanções podem ter dificultado a compra de alguns materiais e equipamentos, mas muitos itens já estão sendo produzidos internamente na Rússia, e as empresas locais já estão encontrando rotas alternativas para importar produtos que têm de ser trazidos da Europa. O principal problema está nos crescentes custos de entrega.
"Apenas uma pequena parte dos dutos que nos ligam à Europa está funcionando neste momento. A maioria deles ou estão sob sanções ou foram explodidos, e estamos falando da Europa do século XXI", disse Aleksei Overchuk, vice-premiê da Rússia, que participou do fórum.
"Estamos sobrevivendo a esta crise muito melhor do que foi previsto pelos 'obreiros' das sanções. Esperamos uma queda de 2,9% no PIB este ano. Como vocês devem se lembrar, todos previram que o número seria de 18%. A inflação será de 12,4% e o desemprego está no nível recorde mais baixo, de 3,8%", constatou ele.
Overchuk também disse que a Rússia não tem falta de energia barata e "muitas pessoas talentosas", o que ajudará o país a construir seu futuro. Além disso, ele apontou novos parceiros como a Turquia, Azerbaijão, Estados do golfo Pérsico, Índia ou China, e medidas como comércio em moedas nacionais, utilizar métodos alternativos de pagamento, essas soluções novas, acessíveis, sem riscos e confiáveis para muitas empresas russas atingidas por sanções europeias e norte-americanas.
Romani sublinhou que com essa "virada" as empresas europeias que quiserem retornar posteriormente à Rússia podem perder sua participação no mercado para concorrentes das superpotências emergentes do Leste. Para ele, a Rússia enfrentará maiores dificuldades nos negócios, mas seguirá construindo "contatos e relações de massa com a Índia, com a China e com os países asiáticos".