"É uma presidência que tende a valorizar os processos de multipolarização que estão em curso no mundo, destacando a importância do BRICS, dos grandes países em desenvolvimento no mundo com uma agenda reformista da ordem mundial, com uma crítica do domínio das antigas potências dominantes do sistema internacional no século XX", apontou.
'Soberania dos países deve ser respeitada'
"Um dos princípios que regem o BRICS é que a soberania dos países deve ser respeitada, que não deve haver ingerência de um país sobre assuntos de outros", afirma.
"Apesar de terem votado em algumas resoluções da ONU [Organização das Nações Unidas] de forma diferente, todos os países se somaram na crítica à escalada das tensões associadas ao conflito, à adoção unilateral de sanções econômicas e outras medidas restritivas contra a Rússia", afirmou.
"O que nós temos visto no conflito mais recentemente é a instrumentalização das reservas internacionais mantidas em dólar como mecanismo de guerra econômica", indicou. "Então acho que haverá maior pressão pela reforma do sistema monetário internacional, com uma diversificação das moedas que servem de referência de valor para o comércio e para o investimento internacional."
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"É cedo para prever exatamente como ele [Lula] vai lidar, mas a trajetória dele foi muito proveitosa. Então acredito que isso vá se repetir", disse Gomes.
"Acho que o problema está mais na execução de políticas públicas, porque as políticas que promovem o bem-estar social, com renda mínima, assistência de saúde, educação, são consensuais entre países em desenvolvimento. As questões têm sido como implementar e os possíveis entraves", disse.
"Agora [Lula] pode ajudar a solucionar as arestas que o BRICS acumula e, ao mesmo tempo, fazer a transição para um novo momento de paz internacional, multilateralismo e criação de uma nova moeda interna", indicou.