Na votação na ONU, 185 membros entre 193 apoiaram a resolução cubana, que condena e pede o fim do embargo à economia do país. Estados Unidos e Israel foram os únicos que se opuseram, e o Brasil e a Ucrânia se abstiveram.
"Ilegal", "inaceitável", "criminoso", "desumano", "agressão econômica": esses foram alguns dos termos usados pelos palestrantes no púlpito da ONU. Na resolução, Cuba defende a "não ingerência em seus assuntos internos" e as liberdades "de comércio e de navegação" diante do embargo, imposto em fevereiro de 1962, durante a Guerra Fria.
Chanceler cubano, Bruno Rodríguez disse hoje (3) que o governo de Joe Biden, presidente dos EUA, continua a política de "pressão máxima" de Donald Trump.
O conselheiro político dos EUA na ONU, John Kelley, defendeu a postura norte-americana. Ele alegou que os Estados Unidos "continuam comprometidos com a busca da liberdade e dignidade do povo cubano".
Em seguida, fez críticas ao regime político cubano, argumentando que o país perseguiu manifestantes e "usou penas de prisão severas, mesmo contra menores, intimidação, táticas, prisões, interrupções na Internet, multidões patrocinadas pelo governo e condições horrendas nas prisões para tentar impedir que os cubanos exercessem seus direitos humanos".
O vice-representante permanente de Cuba na ONU, Yuri Gala, respondeu que "se o governo dos Estados Unidos realmente se importasse com o bem-estar, direitos humanos e autodeterminação do povo cubano, poderia suspender o embargo".
Bandeiras de Cuba e EUA fora da Embaixada dos EUA em Havana. Cuba, 17 de maio de 2022
© AP Photo / Ramon Espinosa
Rodríguez acusou os EUA de usarem suas poderosas plataformas de mídia e tecnologia digital "em uma virulenta campanha de desinformação e depreciação contra Cuba". Ele disse que os EUA estão recorrendo "aos mais diversos métodos de guerra não convencional, usando nossas crianças, jovens e artistas como alvos desse bombardeio político e midiático".
Essa é a 30ª resolução apresentada por Cuba contra o embargo dos Estados Unidos. Na primeira resolução, de 1992, apenas 59 países votaram a favor. Agora ela tem o apoio de quase todos os membros da ONU, com exceção de Israel (se desconsiderando os próprios Estados Unidos).
Segundo as autoridades cubanas, o embargo causa prejuízos econômicos de US$ 154 bilhões (R$ 792 bilhões) anuais à ilha. De acordo com o governo cubano, isso teria se traduzido em um crescimento de 4,5% da economia.