"O homem religioso, o homem de paz, também se opõe à corrida armamentista. [...] Ele segue apenas um caminho, o da fraternidade, do diálogo e da paz", afirmou o sumo pontífice. "Queremos que as disputas entre Oriente e Ocidente sejam resolvidas para o bem de todos."
Além disso, o papa sublinhou que este conflito não deve desviar a atenção para o crescente fosso entre o Norte e o Sul do mundo, nem para problemas como a desigualdade, a fome ou as alterações climáticas.
Ele criticou o "cenário dramaticamente infantil" que estamos testemunhando, quando "joga-se fogo, mísseis e bombas [...] para encher a casa comum de cinzas e ódio". Além disso, apelou à unidade e afirmou que, num mundo globalizado, "se navegamos sozinhos, estamos à deriva".
Papa Francisco apontou que os conflitos pelos quais nos encontramos “à beira de um frágil equilíbrio”.
Descreveu, também, como paradoxal que em tempos em que a humanidade está unida diante dos mesmos desafios, "alguns poderosos" impõem sua próprias visões imperialistas e nacionalistas.
Os poderosos, em sua opinião, não dão a devida atenção aos problemas dos pobres, dos nascituros, dos idosos, dos doentes e dos migrantes.
Santa Sé quer mediar negociações de paz
A Santa Sé está pronta para fazer todo o possível para alcançar a paz na Ucrânia, disse uma fonte no Vaticano no final do mês passado.
"A Santa Sé está pronta para fazer todo o possível para alcançar a paz. Se ambos os lados pedissem por mediação, a Santa Sé, é claro, não recuaria", disse a fonte, respondendo sobre a reação do Vaticano às últimas propostas do presidente francês, Emmanuel Macron.
A revista francesa Le Point informou que, durante uma visita ao Vaticano no mês passado, Macron pediu ao Papa Francisco que ligasse para os líderes russo e norte-americano, Vladimir Putin e Joe Biden, para resolver a crise na Ucrânia. Macron também falou da necessidade de os Estados Unidos se sentarem à mesa de negociações para avançar no processo de paz. A esse respeito, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, destacou que "a Rússia está aberta a todos os contatos, mas devemos partir do fato de que a Ucrânia codificou a não continuação das negociações".
"Peskov anunciou a disposição de Moscou de conduzir um diálogo com o papa, e isso é bom. Quanto à posição de Kiev, como você sabe, a regra na política é 'nunca diga nunca'", observou a fonte.
Ainda de acordo com a fonte, foi destacada a importância do que vai ser uma reação a essas propostas de Washington e Londres.
A fonte lembrou que o Papa Francisco confirmou repetidamente sua disposição de contribuir para a resolução pacífica da crise ucraniana e deu as devidas instruções ao secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.