Panorama internacional

Conformação do BRICS coloca grupo em destaque no setor de defesa, dizem especialistas

Qual o potencial militar do BRICS? O grupo de países pode formalizar uma aliança militar? Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil apontam que a conformação do BRICS o coloca em uma posição de destaque no cenário internacional em temas de defesa.
Sputnik
O cenário da cooperação em defesa no BRICS foi pauta do podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, no episódio da última segunda-feira (7). Para especialistas ouvidos pelas jornalistas Melina Saad e Thaiana Oliveira, há um grande potencial nessa área em razão da composição do BRICS.
O cientista político Lier Pires Ferreira, professor de relações internacionais do Ibmec, destaca que o BRICS é formado por três das cinco principais potências militares do mundo — Rússia, China e Índia, as três com poder bélico nuclear —, o que o tornaria "o principal bloco militar" do mundo depois da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

"Do ponto de vista bélico, estamos falando, talvez, do principal bloco militar, em razão das capacidades agregadas. Claro, retirando desse cenário a OTAN", afirma o especialista, citando a presença de Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha na aliança atlântica.

Ferreira sublinha que o BRICS não é um "bloco devidamente institucionalizado", o que dificulta a análise sobre o potencial militar. O professor avalia que o caráter informal do grupo faz com que esses temas dependam da vontade política dos membros.

"O BRICS não é uma aliança militar como a OTAN, como foi no passado o Pacto de Varsóvia. Na verdade, a maior institucionalização do BRICS está no ponto de vista econômico-financeiro, com o Banco do BRICS como a iniciativa mais ilustrativa", declarou.

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O especialista acredita que uma maior institucionalização do BRICS, com a criação de uma secretaria-geral e de um conselho de segurança, pode ser um passo importante nesse sentido.

"O BRICS é visto como uma dimensão estratégica pelos países-membros, e pelo Brasil e África do Sul, muito particularmente — porque são os países mais 'fracos' [...] dessa parceria —, como a possibilidade de se inserirem na dinâmica global ressignificada no contexto dos séculos XXI e seguintes."

A professora Isabela Gama, especialista em segurança e teoria das relações internacionais e BRICS e pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), acredita que há um grande potencial de cooperação em defesa, mas é difícil projetar a criação de uma aliança militar similar à OTAN em razão das resistências de Brasil e África do Sul.
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"Difícil falar em BRICS em termo de cooperação militar, porque o Brasil, historicamente, não se coloca muito dentro de alianças militares. Não que a cooperação militar não possa acontecer", afirma Gama.

Apesar disso, Gama aponta que "tem relevância a cooperação em termos de defesa" e destaca as parcerias relativas à defesa marítima e fronteiras.

"É, sim, relevante, mas não acredito que o Brasil vá se engajar na criação ou em um passo mais adiante da criação de uma aliança militar, por exemplo", declara.

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