Em discurso no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) hoje (10), o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o papel das Forças Armadas na fiscalização das urnas eletrônicas foi deplorável e o resultado humilhante.
Em sua visão, o presidente, Jair Bolsonaro, "tem a obrigação de pedir desculpas para sociedade e para Forças Armadas" por ter usado os militares nesse processo, relata a Folha de São Paulo.
"Ontem [9] aconteceu uma coisa humilhante, deplorável para as nossas Forças Armadas: um presidente da República, que é o chefe supremo das Forças Armadas, não tinha o direito de envolver as Forças Armadas a fazer uma comissão para investigar urnas eletrônicas, coisa que é da sociedade civil, dos partidos políticos e do Congresso Nacional […]. Eu não sei se o presidente está doente, mas ele tem a obrigação de vir à televisão e pedir desculpas para a sociedade brasileira e pedir desculpas às Forças Armadas", disse Lula a parlamentares no CCBB.
O petista ainda acrescentou que "as desculpas" de Bolsonaro também deveriam acontecer uma vez que deixou a corporação militar "que é uma instituição séria, uma garantia para o povo brasileiro contra possíveis inimigos externos, fosse humilhada, apresentando um relatório que não diz nada, nada, absolutamente nada daquilo que ele durante tanto tempo acusou".
Ao mesmo tempo, o recém-eleito presidente enalteceu o que chamou de "coragem" do ministro Alexandre de Moraes durante a campanha eleitoral.
O petista discursou para parlamentares, contando com a presença de deputados e senadores de partidos da coligação que o elegeu e de outros.
Segundo a mídia, Lula busca compor uma ampla base aliada no Congresso, e por isso, durante seu discurso deixou claro que quer diálogo com o centrão e prometeu não interferir nos processos de escolha dos novos presidentes do Congresso Nacional — em um aceno ao deputado Arthur Lira (PP), que é aliado de Jair Bolsonaro (PL) e busca se reeleger.
Lula e Lira se encontraram ontem (9) em Brasília pela primeira vez. Ele também se reuniu com Moraes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Ainda nas declarações de hoje (10), o petista disse que seu vice, Geraldo Alckmin, não será ministro em seu governo, conforme noticiado.