Nesta terça-feira (15), o deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) protocolou um ofício na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo uma investigação sobre as "circunstâncias" da viagem do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um avião particular para o Egito, onde ocorre a COP27.
"Sirvo-me do presente para solicitar a Vossa Excelência a instauração de investigação criminal com o objetivo de apurar o motivo e em que circunstâncias houve o empréstimo de aeronave particular do Sr. José Seripiri Júnior ao Sr. Luís Inácio Lula da Silva, para realizar viagem ao Egito", escreveu o parlamentar segundo o portal UOL.
No documento Sanderson ainda firma que o valor do aluguel de uma aeronave desse porte "gira em torno de US$ 10 mil a hora [R$ 53 mil]".
"Trata-se de um fretamento milionário cujas circunstâncias merecem urgente apuração", diz o ofício.
Em 2020, o empresário José Seripiri Júnior firmou um acordo de delação com o Ministério Público em que confessou o crime eleitoral de caixa dois em um caso envolvendo o senador tucano José Serra (SP).
Júnior e Lula são amigos há cerca de dez anos. Durante a campanha deste ano, o empresário promoveu jantares reservados em sua casa para tratar de programas de governo.
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), respondeu ontem (14) sobre a viagem do petista no avião particular. Questionado sobre o "empréstimo" da aeronave, Alckmin afirmou que o proprietário do avião também viajou com Lula.
"A informação que eu tenho é que [o avião] não é emprestado. O proprietário está indo junto", disse. "Não tem empréstimo. E estão indo mais pessoas: ex-governador, lideranças políticas e ambientais", afirmou o vice citado pela mídia.
De acordo com a Folha de São Paulo, Lula foi alertado por aliados sobre custo político de carona no jato de empresário. Aliados afirmaram que o presidente eleito sabia que a ação traria polêmica na oposição. Mas, por uma alegada necessidade, dizem, optou pela viagem a bordo do avião do empresário.
Uma alternativa seria pedir que o governo Bolsonaro cedesse uma aeronave, o que foi rechaçado até por questões de segurança. Ainda segundo aliados, outras hipóteses foram postas à mesa durante reuniões preparatórias da viagem, relata a mídia.