"A partir do momento em que o presidente argentino esteve de prontidão após a eleição do Lula, no dia seguinte — menos de 24 horas do resultado o presidente argentino já estava no Brasil —, eu consigo entender que o Mercosul deve intensificar as suas relações", aponta Bressan.
"Com os governos Bolsonaro e [de Michel] Temer, especialmente com o governo Bolsonaro, o que vimos foi o enfraquecimento tanto do BRICS como do Mercosul. O Brasil teve, especialmente no governo Bolsonaro, um alinhamento automático ideológico com os EUA, principalmente no governo [Donald] Trump. Isso não deu muito certo, porque o Trump logo saiu, e o Brasil ficou meio perdido. [O Brasil] chegou, inclusive, a ser chamado de pária internacional pelo seu próprio chanceler à época, Ernesto Araújo. Então o Brasil não fortaleceu o BRICS e muito menos o Mercosul; enfraqueceu ambos. Então o governo Lula eu imagino que vá buscar, sim, o fortalecimento de ambos", avalia Coelho.
"O Mercosul se fragilizou bastante nos governos de centro-direita da segunda metade da década passada. Ficou muito fragilizado e quase acabou, teve risco real de acabar. A gente ouvia nas palavras do [ex-presidente] Mauricio Macri, na Argentina, e de Jair Bolsonaro, aqui no Brasil, que o Mercosul não era importante para o Brasil. Então essa retomada do Mercosul passa também pela valorização do próprio bloco e a valorização do próprio bloco passa pela entrada de um novo membro", avalia o professor da Unirio.