O Ocidente está tentando contrariar a superioridade da Rússia no Ártico, avaliou na quarta-feira (16) a agência britânica Reuters citando oficiais noruegueses e americanos.
Como conta a Reuters, nos anos recentes tanto os países ocidentais como a China e a Rússia reforçaram sua presença na região, mas a última segue dominando.
Moscou reabriu dezenas de bases militares soviéticas no Ártico desde 2005, modernizou sua Marinha e desenvolveu mísseis hipersônicos capazes de escapar aos sensores e defesas dos EUA, sublinha a mídia.
Os especialistas do Ártico citados apontam para um atraso do Ocidente estimado em dez anos. Segundo Ketil Olsen, ex-representante militar da Noruega na OTAN e na União Europeia, esses países têm "muito poucos recursos de vigilância civis".
O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) crê que a Rússia tem cerca de 33% mais bases no círculo Ártico que a OTAN. Além disso, o país tem um total de 11 submarinos capazes de lançar armas nucleares de grande alcance, incluindo oito na região, contra um total de 22 da OTAN, e domina vastamente na frota de quebra-gelos, com 37 deles contra dois cada da China e dos EUA.
"No momento, o equilíbrio militar no Ártico está muito virado para a Rússia", de acordo com Colin Wall, associado de pesquisa no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, EUA.
Kristoffersen também sugeriu que os russos poderiam ser culpados pelo corte de cabos de fibra ótica submarinos em dois incidentes de janeiro e abril de 2021, respectivamente, apesar de não excluir que isso tenha ocorrido por acidente.
Passos dos Estados-membros da OTAN
Quanto aos EUA, em março Glen VanHerck, general e chefe do Comando do Norte do país norte-americano, afirmou que é necessário desenvolver "consciência de domínio" para detectar e abordar a capacidade russa e chinesa de lançar mísseis avançados e destruir a infraestrutura de comunicações. Em outubro um documento de estratégia do Pentágono prometeu aumentar os sistemas de aviso e vigilância no Ártico, mas o ritmo da modernização é desconhecido.
Para isso, os EUA testarão os satélites Starlink da SpaceX, deverão investir dinheiro em modernizar uma base na Groenlândia e construir radares, além de ajudar seus parceiros na OTAN em fornecer dados em tempo real. O Pentágono também prevê publicar em março de 2023 a primeira atualização da estratégia no Ártico desde 2019, incluindo as capacidades necessárias para os caças americanos combaterem em temperaturas extremamente baixas.
Enquanto isso, o Canadá aprovou a compra de aviões para uso no Ártico a partir de 2032, enquanto a Suécia e a Finlândia, que estão no processo de adesão à OTAN, começaram a investir em capacidades de vigilância, dissuasão e hardware militar. A Noruega também quer lançar seus terceiro a sexto satélites de monitoramento do Ártico até 2024, e planeja, junto com a Suécia e o Canadá, construir seus próprios portos espaciais.
"A OTAN está aumentando sua presença no Ártico com capacidades mais modernas. Esta é, naturalmente, uma resposta ao que a Rússia está fazendo. Eles aumentaram significativamente sua presença [...] e, portanto, também precisamos de uma presença maior", comentou Jens Stoltenberg, secretário-geral da Aliança Atlântica, à Reuters.
A agência britânica aponta o derretimento da calota polar do Ártico como facilitando cada vez mais o transporte na região, incluindo no acesso ao petróleo e gás.
Em julho Vladimir Putin, presidente da Rússia, proclamou uma estratégia em que se sublinha que as águas árticas russas serão protegidas "por todos os meios".