O regime de Kiev testou a paciência de seus apoiadores ocidentais na noite de terça-feira (15), quando o presidente ucraniano Vladimir Zelensky exigiu que a OTAN interviesse militarmente contra as forças russas, após a queda de um míssil lançado pela Ucrânia que deixou duas pessoas mortas na vila polonesa de Przewodow.
Depois de vários relatos anônimos de Washington e da mídia polonesa de que mísseis russos atingiram o membro da OTAN, foi confirmado que o míssil foi disparado de uma bateria terra-ar ucraniana, embora Kiev continue a negar isso.
Isso levou a apelos de muitos políticos – incluindo de alguns do Partido Republicano dos EUA – para cortar os envios de dezenas de bilhões de dólares em assistência militar à Ucrânia que têm drenado os estoques militares dos países ocidentais.
O analista político e comentarista Adriel Kasonta, ex-presidente do Comitê de Assuntos Internacionais do instituto de pesquisa Bow Group, chamou as tentativas de envolver a OTAN para o conflito de "tragédia", acrescentando que "muitos atores que têm sido hostis ao longo dos anos e ao longo da operação especial na Ucrânia conduzida pela Rússia [estão] tentando usar este trágico incidente em seu benefício".
A Croácia anunciou na terça-feira que enviará 14 helicópteros Mi-8 de fabricação soviética do seu inventário total de 25 unidades, embora eles devessem ser retirados do serviço em 2026 e a Força Aérea ficará sem peças de reposição para esses helicópteros em 2023.
A República Tcheca doou 40 tanques de batalha T-72 de seu Exército, enquanto mais 90 unidades de T-72 estão sendo renovadas por uma empresa privada e os serviços serão pagos pelos EUA e Países Baixos.
O analista destacou que o incidente mostrou que a Polônia precisava de reforçar suas próprias capacidades militares, em vez de despejar seus armamentos no "buraco negro" ucraniano.
"Se a defesa antiaérea polonesa era boa, estava atendendo ao padrão militar, deveria ver o que aconteceu. Prever o que aconteceu e fornecer respostas", observou Kasonta.
No entanto, o comentarista acredita que o governo polonês é "malicioso e inteligente" o suficiente para tirar proveito da "situação triste" na vila de Przewodow.
"Eles vão dizer, ouça, precisamos de mais dinheiro", disse Kasonta. "Precisamos de mais equipamentos para estrarmos melhor preparados para a possibilidade [de ocorrência] de tais incidentes no futuro. Então eles vão ordenhar a vaca e pedir aos EUA para enviarem mais equipamentos ou, a fim de fortalecer o flanco oriental, enviarem mais tropas americanas".
Mas os cidadãos dos países europeus estão "relutantes em sofrer" pela Ucrânia, que não é membro da União Europeia (UE) nem da OTAN, ressaltou ele.
David T. Pyne, ex-oficial do Departamento de Defesa dos EUA, disse à Sputnik que o incidente do míssil na Polônia mostrou que os países da OTAN deviam concentrar-se na sua própria defesa, não na militarização da Ucrânia.
"Mesmo depois que ele ter sido apresentado com evidências de que era um de seus próprios mísseis, o presidente ucraniano Zelensky continuou a alegar que era um ataque terrorista russo à Polônia na esperança de que pudesse persuadir a OTAN a escalar sua guerra por procuração contra a Rússia", disse Pyne.
Desde o início de sua operação militar em 24 de fevereiro, a Rússia tem repetidamente alertado a OTAN e outros aliados dos EUA contra o fornecimento de armas à Ucrânia, advertindo que os carregamentos de armas para uma zona de conflito são alvos legítimos. Moscou também disse que o fluxo de armas do Ocidente apenas prolonga o conflito, em que Washington está determinado a lutar até "o último ucraniano".