Panorama internacional

Diálogo no formato de Moscou é mais potente contra o terrorismo, afirma especialista indiano

O primeiro-ministro indiano Narendra Modi pediu a outros Estados que aumentassem a coordenação global para lidar com as facetas do terrorismo em constante mudança na última conferência "No Money for Terror". Modi também expressou preocupação com os patrocinadores do terrorismo.
Sputnik
Vários funcionários importantes, organizações antiterroristas e ministros de 72 países realizaram discussões abrangentes na terceira edição da conferência "No Money for Terror" (sem dinheiro para o terror) em Nova Deli, na semana passada.
A anfitriã Índia pediu o estabelecimento de um secretariado permanente para garantir que houvesse um foco sustentado da comunidade internacional no combate ao financiamento do terrorismo.
A Sputnik conversou com Kabir Taneja, membro da Observer Research Foundation de Nova Deli e autor de "The ISIS Peril" (O perigo do Daesh, organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) para ouvir sua opinião sobre o forte tom da Índia para uma abordagem "indiferenciada e não diluída" para combater o terrorismo e como a Índia e a Rússia poderiam cooperar nesse sentido.
Ao longo dos últimos meses, a Índia tem sublinhado repetidamente a necessidade de se estabelecer uma instituição global com um forte mandato para detectar e impedir o financiamento do terrorismo. De acordo com Taneja, não é uma má ideia criar um instituto específico para o combate. No entanto, para que tal passo seja tomado, vai ser preciso definir "o que ou quem é definido como terrorista ou grupo terrorista", o que implica em uma dificuldade política.
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Modi chegou a instar os líderes globais a impor custos aos países que apoiassem o terror, o que para o especialista retoma a questão de origem sobre "o que significa impor custos".
"A ONU já possui um mecanismo de sanções, além disso, qualquer outra opção será de natureza inerentemente intervencionista e militar. E isso, por enquanto, iria contra a própria estrutura da política externa indiana. Serão necessárias mudanças fundamentais na forma como a política externa indiana funciona antes que tal ideia possa ser levada adiante", afirmou Taneja.
Os EUA, por exemplo, continuam a dar ajuda e armas ao Paquistão esperando que ele se torne um parceiro na luta contra o terror. No entanto, Nova Deli acredita que o establishment paquistanês ainda tem ligações com grupos terroristas, o que, para o pesquisador, não significa um desafio para a política regional.
"A ajuda dos EUA ao Paquistão só aumentará o contraterrorismo nos próximos tempos, acredito. A nova liderança do Paquistão destacou repetidamente que o terrorismo é seu maior desafio. No entanto, ao contrário, também apoia elementos que apenas exacerbam a ameaça terrorista não apenas no Paquistão, mas globalmente", afirmou.
O analista destaca que a diplomacia multilateral acionável para combater o terrorismo de maneira realista, como no caso da ONU, é mais difícil do que parece.
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Kabir Taneja acredita, no entanto, que iniciativas de cooperação mais localizadas podem resultar diante deste panorama, como no caso de Índia e Rússia.
"Índia e Rússia já cooperam contra o terrorismo como parte da Organização de Cooperação de Xangai [SCO, na sigla em inglês]. No entanto, tanto Nova Deli quanto Moscou compartilham uma preocupação crescente com o que está acontecendo em Cabul."
O Afeganistão é um problema inerentemente asiático e regional, porém os interesses individuais dos países no Afeganistão continuam a prevalecer sobre qualquer abordagem institucional, o que também continua sendo uma tendência preocupante, disse Taneja.
Quando perguntado se o uso indevido da tecnologia na disseminação do terror e da radicalização através das mídias sociais e da darknet, apontava para a necessidade de uma regulamentação das mídias sociais, Kabir Taneja disse não ter certeza já que o conteúdo do terror se proliferou muito mais no mainstream.
"No entanto, o acesso sem precedentes do terror e do crime às tecnologias se tornará cada vez mais o principal desafio nos esforços de combate ao terrorismo. Acho que mais do que políticas globais, são os formatos políticos e diplomáticos regionais que são mais eficazes para lidar com essas questões de maneira temporal", concluiu o especialista.
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