"Embora a União Europeia não tenha um quadro legal para designar um país terceiro como 'Estado patrocinador do terrorismo', tomamos nota de tais decisões a nível nacional ou resoluções de assembleias parlamentares, como a do Conselho da Europa poucos dias atrás", disse Johansson ao Parlamento.
"Vejo realmente como algo que normalmente é feito pelos EUA e agora [está] sendo também feito pela UE não somente como forma de reforçar a unicidade do discurso, mas também [...] [de] mostrar como a UE está sendo amplamente influenciada pelos EUA e refém dos seus interesses", observou.
"Como, recentemente, os crimes de guerra cometidos pelo lado ucraniano contra militares russos. Isso aconteceu há poucos dias, houve uma execução à queima-roupa de prisioneiros de guerra russos perpetrada pelos militares ucranianos, que cometeram crimes de guerra deliberadamente. Isso foi amplamente noticiado, a Rússia notificou a ONU [Organização das Nações Unidas] e pediu intervenção nesse sentido. Ao que parece, toda vez que a Rússia age de acordo com normativas da ONU, que clama à ONU que assuma sua obrigação, e toda vez que aparecem atos que depõem contra a Ucrânia, logo a gente vê outras novas narrativas do Ocidente tentando mais uma vez incriminar a Rússia de algum modo."
"Isso porque a Rússia não luta contra os ucranianos ou muito menos contra qualquer aparato ucraniano, mas sim contra aparatos e treinamentos da OTAN. A situação é muito nítida. Trata-se de um cenário de conflito em território ucraniano, mas é um embate entre Rússia e OTAN", indicou.
"Ações classificadas como terroristas carecem de muita análise, de muitos debates, de muitas reflexões, [sobre] o que de fato pode ser considerado terrorismo. As distinções entre essas ações são, muitas vezes, tênues, [...] elas requerem muita pesquisa, [...] um debate profundo, para que seja possível fazer esse tipo de análise. Ainda mais quando se tem um conflito ocorrendo e [quando] [...] a Rússia clama, inclusive, [pelo reconhecimento de] [...] crimes de guerra cometidos por parte da Ucrânia. Mas, logo na sequência, o Parlamento Europeu fala que o que a Rússia faz é terrorismo. É muito questionável", ponderou.
"Não esperamos [essa isonomia] do Parlamento Europeu, obviamente. As ações do Parlamento Europeu não surpreendem a Rússia e servem também para justificar a adoção de mais sanções e tentar fazer com que a população passe a deixar de analisar a retirada do apoio à Ucrânia, como tem acontecido. Porque há manifestações populares na Europa reivindicando a interrupção ou mesmo a saída da OTAN [do conflito na Ucrânia]. Há uma preocupação com a crise energética, e o inverno está chegando. Aumenta-se a pressão popular, e os líderes europeus se veem na situação de aumentar a narrativa contra a Rússia a fim de justificar suas posições. É um desenrolar do cenário com a Europa tentando se firmar em suas decisões", criticou.