O grupo de trabalho da Defesa é o único que ainda não foi anunciado pela equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Tal fato estaria acontecendo por uma preocupação de Lula e de aliados em encontrar alguém que seja bem visto pelas Forças Armadas, mas que não seja alinhado com o bolsonarismo.
De acordo com a coluna de Bela Mengale em O Globo, interlocutores do petista têm procurado membros da alta cúpula militar para testar os nomes. O foco da consulta informal seria não criar arestas e escolher um nome palatável para as Forças Armadas, e que ao mesmo tempo ajude a pacificar e institucionalizar as relações.
Militares que têm conversado com o governo eleito e membros da transição avaliam que o futuro ministro precisa ser alguém que "despartidarize" as forças. Outro ponto defendido é que não seja alguém com vínculo direto com o PT, devido ao grau de antipetismo que existe entre boa parte dos militares, relata a mídia.
Entretanto, dois pontos já estão definidos: o primeiro, é que o ministro a assumir o cargo será um civil, e o segundo, é que o grupo de transição será composto por ex-comandantes das forças, sendo pelo menos um representante da Marinha, da Aeronáutica e do Exército, conforme anunciou ontem (23) o coordenador dos grupos técnicos da transição, Aloizio Mercadante.
"Em relação às Forças Armadas, tivemos contato com vários militares da alta hierarquia das Forças Armadas. Estamos em processo de constituição de um grupo de trabalho, que vai constar alguns ex-comandantes das forças e outras lideranças importantes, principalmente aquelas que têm compromisso. Um Exército, uma Marinha e uma Aeronáutica profissional, republicano, que respeita o Estado Democrático de Direito, profissionalizado, 'desideologizado' e não partidarizado, que é o que nos interessa", afirmou Aloizio, citado pelo O Globo.
A declaração foi dada ontem (23) durante coletiva de imprensa do grupo de Justiça e Segurança Pública, coordenado pelo senador eleito Flávio Dino. Dino se reuniu com secretários de segurança e chefes das polícias de diversos estados para discutir os problemas na área, mas ainda não há consenso no grupo que discute a área sobre a separação do Ministério de Justiça e Segurança Pública em dois.
Ao mesmo tempo, está sendo discutido um pacote de ações para conter possíveis protestos a partir de janeiro. O grupo criou inclusive uma subdivisão chamada "Crimes contra o Estado Democrático de Direito", diz a mídia.