Nesta sexta-feira (25), o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, anunciou que Portugal fará um inventário de tesouros sob seu poder para devolvê-los às ex-colônias, segundo o jornal O Globo. Durante a expansão marítima portuguesa nos séculos XV e XVI, os portugueses exploraram riquezas do Brasil e de outras 14 colônias na África e na Ásia.
O ministro prometeu criar um grupo de trabalho para elaborar a lista e sublinhou que será um detalhado processo de levantamento realizado com ajuda de acadêmicos e diretores de museus.
Segundo ele, a discussão pode "abrir feridas com raízes históricas e causar desconforto". Assim, Silva descarta um escrutínio público.
"A forma eficaz para tratar este tema é com reflexão, discrição e alguma reserva. A pior forma de tratar este tema é criar um debate público polarizado, não contem comigo para isso. É preciso um trabalho que envolva os museus e a academia de uma inventariação mais fina, e posso garantir que esse trabalho será feito", disse Silva, citado pela mídia.
De acordo com o jornal, as feridas estão mesmo expostas. Em 2021, o monumento Padrão dos Descobrimentos, localizado em Belém, foi pichado com a frase: "Velejando cegamente por dinheiro, a humanidade afunda-se num mar escarlate."
O monumento exalta colonizadores e a navegação que abriu caminho para a expansão e domínio territorial em outros continentes.
Em 2020, a estátua do padre António Vieira, em Lisboa, foi pichada com a palavra "descoloniza". Mais atrás, em 2017, o Museu das Descobertas ficou só na promessa após manifestações contrárias.