"Neste momento, talvez, o acordo iraniano seja um dos pontos dentro deste novo desenho geopolítico mundial que está aguardando alguma solução da questão ucraniana. Em outras palavras, quando se resolver a questão ucraniana, provavelmente o acordo nuclear dos seis — das potências europeias, Rússia, China e Estados Unidos — volte à baila, volte a vigorar, volte a ser rediscutido", afirma Trevisan em entrevista à Sputnik Brasil.
"Neste contexto, nós precisamos entender que dois aliados norte-americanos têm interesses muito fortes em que Washington consiga voltar a uma situação de conversa quanto ao enriquecimento do urânio pelos iranianos", aponta.
Cenário interno dos EUA pode influenciar?
"Os resultados das eleições mostraram uma situação curiosíssima. Primeiro a preservação do poder [do Partido Democrata] no Senado, que, no caso de política externa, é o essencial. E, na Câmara dos Deputados, a famosa onda vermelha, a famosa onda de vitória republicana, não aconteceu [...]. Se nós olharmos os resultados da eleição norte-americana com alguma calma, vamos encontrar um presidente Biden mais vitorioso do que derrotado", avalia.
Petróleo e inverno europeu podem mudar cenário
"Nós podemos ter um cauteloso otimismo de que também nesse aspecto — dada a mudança na situação interna iraniana — seja possível alguma evolução nas negociações", afirma.
"Não podemos esquecer que o preço do petróleo é um condicionante essencial em torno dessas negociações. Se o acordo com o Irã avançar, de imediato haverá uma oferta de mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia. Isso é uma música para os ouvidos de Biden, para que o preço do petróleo seja controlado e não provoque mais inflação nos Estados Unidos", recorda.