"É evidente que é pouco plausível recorrer a empréstimos internacionais quando a gente tem um país que está com insolvência ou que tem um problema sério de alongamento da própria dívida. Não é o caso brasileiro. O Brasil poderia ampliar a emissão de títulos da dívida, pode emitir moeda, o Brasil pode ampliar o seu próprio orçamento. E o país criou essa camisa de força voluntária quando determinou [...], a partir do fim de 2016, com um golpe jurídico-parlamentar contra a presidente eleita Dilma Rousseff, essa estupidez do teto [de gastos]. Dito isso, em relação à credibilidade do Brasil no cenário externo, em reservas internacionais e no tipo de acordo que o empréstimo ao banco do BRICS traz, os custos são muito baixos, no sentido de pegar o empréstimo a taxas mínimas", avaliou.
Acrescenta que um empréstimo "pode não ser a melhor opção para resolver o problema corretamente, mas é melhor pegar empréstimo do banco do BRICS do que de outros organismos financeiros internacionais".
"[Só haveria impacto] se o país torrasse as reservas internacionais, coisa que não vai fazer, e, se afastando do eixo do BRICS (o que também não vai fazer), se o país voltasse a contrair uma dívida enorme com o FMI [Fundo Monetário Internacional], coisa que também não vai fazer. Ou seja, todos os princípios que causam preocupação, eles não vão ocorrer, não há nenhuma sinalização de que isso vá ocorrer. De modo, creio eu, que o impacto é, sendo um bom pagador e fazendo parte do quadro e tomando decisões do banco, isso poder ser visto como uma contrapartida", apontou.
"Mas PEC vai e PEC vem. Se transformar a renda mínima em política pública permanente, esse recurso tem que aparecer. Porque o Estado tem condição de emitir moeda, ele tem condição de expandir a base monetária. Isso não tem nenhum problema. [Se dependêssemos] da dívida pública ou da expansão da base monetária, os Estados Unidos estariam até hoje na Crise de 1929."
"[Isso é] uma outra chantagem internacional e entreguismo interno. Então não tem problema nenhum. Antes disso, pode-se realizar uma opção: vamos parar de contrair empréstimos externos, por mais amigáveis que esses sejam, ou deixaremos os empréstimos externos apenas para opções estratégicas, como, por exemplo, uma expansão consorciada da Petrobras com outras empresas petrolíferas com maioria de capital estatal na América do Sul ou na América Latina? Aí vale a pena você fazer empréstimo grande externo. Do contrário, vamos expandir a nossa base monetária, vamos emitir título, e paciência. Vamos nos financiar nós mesmos, já que somos um país que tem moeda própria, que emite título na sua própria moeda soberana, que é titular dessa dívida soberana que está em sua própria moeda, que não está indexada no exterior. Um país assim não quebra", finalizou.