O jornalista Michael Shellenberger publicou no sábado (10) arquivos que falam sobre as circunstâncias em torno do bloqueio da conta no Twitter de Donald Trump, ex-presidente dos EUA.
A quarta parte do conjunto de vazamentos, intitulados Twitter Files (Ficheiros Twitter, em português), revela "o caos no Twitter" em 7 de janeiro de 2021, escreve na sexta-feira (9) o jornalista Matt Taibbi. Esse foi o dia a seguir ao assalto ao Capitólio de Washington por apoiadores do então ainda 45º presidente dos EUA, e um dia antes de sua conta ser banida.
"À medida que a pressão aumenta, os executivos do Twitter constroem o argumento para uma expulsão permanente", descreve Shellenberger com base em mensagens internas da empresa de TI, acrescentando que, em 7 de janeiro desse ano, eles procuraram mudanças para aplicar "apenas a Trump", e "sem preocupação pela liberdade de expressão ou as implicações da expulsão para a democracia".
Michael Shellenberger notou que, nas eleições americanas de 2018, 2020 e 2022, 96%, 98% e 99% das doações da equipe do Twitter foram destinadas ao Partido Democrata, sugerindo assim um conflito de interesses.
Ele afirmou que o Twitter tentou durante anos resistir o bloqueio da conta de Trump, referindo uma mensagem de 2018 da equipe do Twitter, que assegurava que "bloquear um líder mundial do Twitter [...] esconderia informações importantes [...] e dificultaria a discussão necessária em torno de suas palavras e ações".
Apesar disso, explicou, após "pressão interna e externa", Jack Dorsey, então CEO do Twitter, criou um sistema que levaria à proibição da conta do presidente após cinco infrações.
Executivos sêniores do Twitter criaram listas negras secretas para diminuir o alcance de certos usuários e não só de tweets específicos. Entre eles estariam os que questionavam a integridade das eleições presidenciais de 2020 dos EUA.
Quanto aos tweets que compartilhavam imagens das mensagens de Trump na rede social, eles também seriam eliminados, a não ser que o criticassem.
Em 19 de novembro, o bilionário e empreendedor Elon Musk, que poucas semanas antes tinha comprado o Twitter, restaurou o acesso à conta do ex-presidente, mas o último se recusou repetidamente a regressar, declarando preferir usar a rede Truth Social.