Panorama internacional

Esperanças europeias de substituir recursos russos poderiam levar a dependência ainda maior

Artigo do Die Welt (DW) enumera as possíveis fontes de recursos estratégicos como gás e petróleo para a União Europeia (UE), que permitiriam substituir os recursos russos, no entanto reconhece a existência do perigo de um maior grau de dependência.
Sputnik
A política de sanções implementada pela UE em relação à Rússia já levou a um estado de emergência na esfera energética e trouxe o risco de grande escassez de gás e petróleo nas indústrias europeias. O artigo começa com a situação atual no campo da energia na Alemanha. É sabido que o país gasta mais gás do que o planejado devido às baixas temperaturas antes do Natal. Ele alerta que os alemães precisam reduzir o consumo em 20% para passar o inverno sem dificuldades. Enquanto isso, embora o país tenha candidatos para o papel de novos fornecedores de recursos energéticos, ainda não está claro quem vai substituir a Rússia.
Os Estados do Golfo são os que adquiriram mais poder na atual crise. O Catar possui reservas consideráveis de gás natural e é o maior exportador mundial de gás natural liquefeito (GNL). A Europa foi até o país buscar uma solução para salvar sua economia da escassez de energia, porém, a cooperação foi prejudicada pelos escândalos em torno da Copa do Mundo de 2022 no Catar.
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O Ministério Público belga sustentou que o Catar "poderia ter pago a deputados que eram publicamente favoráveis" a este Estado. O Parlamento Europeu decidiu suspender o acesso dos naturais do Catar aos prédios da instituição enquanto a investigação decorre. Por sua vez, o Catar afirmou que tal decisão seria "discriminatória" e teria um impacto "negativo" nas relações entre o país e a UE, o que o jornal alemão descreveu como uma demonstração de "um novo sentimento de poder que se manifestou de forma desagradável".
O jornal observou que "neste momento, a UE parece ir de mal a pior", embora conclua que depois de assinar um acordo com o Catar, a Alemanha vai ser obrigada a ponderar cuidadosamente o que diz sobre o país.
Ele também enfatizou que, devido à cooperação com a Rússia, a Europa negligenciou o Cazaquistão, o Turcomenistão e o Azerbaijão. Ao listar as reservas de recursos do Cazaquistão e os próximos projetos de infraestrutura, o artigo tenta argumentar que o país é capaz de se tornar a nova fonte de recursos estratégicos da Europa, à parte a Rússia. Entretanto, isso requer investimentos de milhões de dólares em todos esses projetos e recursos, bem como "desenvolvimento contínuo em direção à democracia e à estabilidade".
As reservas no Mediterrâneo oriental não vão se tornar uma alternativa à Rússia, não só pela diferença de viabilidade econômica, mas também pela disputa entre a Turquia e a Grécia pelos territórios onde estão localizadas, lamentou o jornal. Enquanto isso, ele observou que a Turquia obtém um dos maiores benefícios econômicos no conflito ucraniano e, com o apoio da Rússia, se torna um novo centro de distribuição de gás para a região. O autor considera que, como a Turquia não impôs sanções à Rússia, suas ações são "arriscadas" e podem incomodar Bruxelas e Washington e "torná-la alvo de sanções".
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No futuro, a Europa quer acabar com a era dos combustíveis fósseis, e o hidrogênio verde pode ajudar, afirmou o DW. Países africanos ensolarados como o Egito, Namíbia, Quênia, África do Sul, Mauritânia e Marrocos já concordaram em produzir 500 quilotoneladas de hidrogênio por ano. O Marrocos lidera o ranking, o país já possui o maior complexo solar do mundo e três usinas que fornecem energia para cerca de 1,3 milhão de pessoas. Segundo o jornal, isso faz do Marrocos um parceiro promissor para a Europa.
Outro parceiro promissor é o Senegal, mas a produção de GNL no Senegal só vai começar no próximo ano e deve cobrir apenas 4% da demanda alemã, enquanto Itália, França e Polônia manifestaram recentemente interesse nos recursos do país.
Por fim, outro provedor de recursos que poderia substituir a Rússia é a América Latina. A Colômbia está aumentando suas exportações de carvão para a Alemanha e está considerando descongelar seus projetos de petróleo. Por sua vez, o presidente colombiano Gustavo Petro afirmou que o "boom" do carvão poderia ser de curta duração e acabaria com o conflito na Ucrânia. Enquanto isso, os EUA diminuíram as sanções contra a Venezuela e começaram a importar petróleo através da Chevron.
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